O grande atrativo da produção estoniana “Na ventania” (2014)
este no recurso estético da combinação de uma encenação “estática” por parte de
atores e uma direção de fotografia que se desenvolve em longos
planos-sequência, dando a impressão ao espectador de estar assistindo a uma
narrativa formada por um encadeamento de “quadros vivos” com sutis variações de
movimento. Tal formalismo revela um grau forte de ousadia e por vezes seduz
pela beleza plástica de algumas tomadas. É de se considerar que esse estilo
adotado pelo cineasta Martti Helde não se resume somente ao exercício de
experimentação de linguagem, guardando uma sintonia existencial com a própria
temática da obra. A trama conta a história real de uma mulher que vê sua
família se desintegrar ao serem mandados pela União Soviética para campos de
trabalhos forçados na Sibéria e lá ela passa por uma série de privações. A
sacada narrativa é de que o imobilismo cênico dos personagens estaria ligado ao
sentimento de impotência do indivíduo diante da fúria opressiva do Estado.
Ocorre, entretanto, que a aposta contínua em tal fórmula artística por vezes
também é capaz de causar um certo enfado pela repetição, além do fato do
roteiro apostar num convencionalismo melodramático excessivo em algumas
passagens.
Um comentário:
Corre o risco de ser um dos melhores filmes que passou por aqui.
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