Obras recentes como “Azul é a cor mais quente” (2013), “Boi Neon” (2015) e “Mãe só há uma” (2016) sugerem uma abordagem estética-existencial renovada dentro do panorama cinematográfico para a questão da sexualidade, em um sentido em que rótulos e preconceitos a determinadas posturas comportamentais que fogem da ortodoxia se tornam cada vez mais obtusos perante uma dinâmica intensa e libertária de parte considerável da sociedade. Dentro de um contexto de produções questionadoras e inquietantes como essa, o estilo convencional e passadista de “Um belo verão” (2015) acaba soando um tanto defasado. O filme da diretora francesa Catherine Corsini até apresenta alguns pontos sedutores: a fotografia é bonita nos registros campestres e mesmo de uma Paris de ambiência nostálgica, as cenas de sexo entre as protagonistas Carole (Cécile de France) e Delphine (Izïa Higelin) têm uma intensidade memorável, algumas sequências apresentam uma composição cênica eficaz em termos de desenvoltura. Ocorre que tais aspectos positivos esbarram numa narrativa mofada e que se prende a um roteiro recheado de dilemas previsíveis e melodramáticos em excesso, beirando o novelesco. A maioria das soluções formais e temáticas encontradas por Corsini consiste em truques baratos e caretas, vide o uso abusivo de uma trilha sonora sentimental e solene e de uma direção de arte artificiosa na sua recriação da atmosfera setentista. Ao invés de se contentar com tal visão asséptica, seria mais interessante que a obra de Corsini se deixasse contaminar pelo espírito desafiador do período focalizado e entregasse um resultado final mais espontâneo e contundente.
Um comentário:
Um bom filme mas se torna um tanto que convencional se for comparado aos filmes que vc citou.
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