quinta-feira, setembro 22, 2016

Bruxa de Blair, de Adam Wingard *1/2

Antes de mais nada, convém deixar claro uma coisa: “A bruxa de Blair” (1999) não inventou o formato falso documentário filmado em perspectiva subjetiva, ou seja, “registrado” por um dos personagens. Tal abordagem já havia sido utilizada no clássico gore italiano “Canibal holocausto” (1980) – por sinal, com muito mais classe narrativa e impacto sensorial. A obra de Ruggero Deodato, inclusive, também utilizou algumas criativas estratégias de marketing. Anos depois, a referida produção norte-americana repetiu alguns dos preceitos artísticos e mercadológicos, tendo por vantagem a possibilidade de usar a internet como eficaz instrumento de divulgação. Num contexto geral, dá para dizer que foi mais um fenômeno de propaganda criativa do que propriamente um filme realmente interessante, apesar de sua estética ter influenciado um sem número de trabalhos de horror. Nesse contexto, sua continuação, “Bruxa de Blair” (2016), é ainda mais frustrante, pois não traz o relativo ineditismo estético-marqueteiro da obra original e nem mesmo a simpática fuleirice formal de outrora. À moda da franquia “Atividade paranormal”, o mistério do inexplicável, talvez o maior charme do filme de 1999, é deixado de lado para investir num roteiro que explica tudo, além de um uso maior de efeitos especiais profissionais deixar tudo com uma formatação ainda mais derivativa e genérica. De certa forma, todos esses equívocos fazem com que “Bruxa de Blair” se mostre como uma obra emblemática dos nossos tempos, em que picaretices mercantilistas como essa refletem indústria e público presos dentro de um círculo vicioso de busca de lucro fácil e produtos culturais insossos e amorfos.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Ainda quero ver mas do jeito que está as críticas irei me arrepender