Antes de mais nada, convém deixar claro uma coisa: “A bruxa
de Blair” (1999) não inventou o formato falso documentário filmado em
perspectiva subjetiva, ou seja, “registrado” por um dos personagens. Tal
abordagem já havia sido utilizada no clássico gore italiano “Canibal holocausto”
(1980) – por sinal, com muito mais classe narrativa e impacto sensorial. A obra
de Ruggero Deodato, inclusive, também utilizou algumas criativas estratégias de
marketing. Anos depois, a referida produção norte-americana repetiu alguns dos
preceitos artísticos e mercadológicos, tendo por vantagem a possibilidade de
usar a internet como eficaz instrumento de divulgação. Num contexto geral, dá
para dizer que foi mais um fenômeno de propaganda criativa do que propriamente
um filme realmente interessante, apesar de sua estética ter influenciado um sem
número de trabalhos de horror. Nesse contexto, sua continuação, “Bruxa de Blair”
(2016), é ainda mais frustrante, pois não traz o relativo ineditismo
estético-marqueteiro da obra original e nem mesmo a simpática fuleirice formal
de outrora. À moda da franquia “Atividade paranormal”, o mistério do
inexplicável, talvez o maior charme do filme de 1999, é deixado de lado para
investir num roteiro que explica tudo, além de um uso maior de efeitos
especiais profissionais deixar tudo com uma formatação ainda mais derivativa e
genérica. De certa forma, todos esses equívocos fazem com que “Bruxa de Blair”
se mostre como uma obra emblemática dos nossos tempos, em que picaretices mercantilistas
como essa refletem indústria e público presos dentro de um círculo vicioso de
busca de lucro fácil e produtos culturais insossos e amorfos.
Um comentário:
Ainda quero ver mas do jeito que está as críticas irei me arrepender
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