Na refilmagem de “A morte do demônio” (2013), o diretor
uruguaio Fede Alvarez já havia mostrado que tinha uma boa mão para o cinema de
horror. Ainda que não tivesse o mesmo grau de inventividade de Sam Raimi, o
responsável pelo filme original, demonstrou um considerável grau de
criatividade na encenação e mesmo em certas nuances perturbadoras do roteiro.
Em seu novo filme, “O homem nas trevas” (2016), ele se confirma como um nome
interessante dentro do gênero. Narrativa e trama se estruturam nos moldes e
clichês tradicionais do horror, mas o vigor do formalismo de Alvarez e o
subtexto algo perverso da história colocam a produção em um nível acima da
média. O truque temático básico de concentrar a narrativa dentro do espaço
físico limitado de uma velha casa é explorado com habilidade, valorizando
planos-sequência detalhistas, a atmosfera lúgubre e a direção de fotografia que
evoca um certo gótico em seus enquadramentos e iluminação. É interessante
também como a questão social e econômica da atual conjuntura dos Estados Unidos
e uma ambiguidade na delimitação das fronteiras entre o bem e o mal dão uma
perturbadora aura de sordidez e profundidade psicológica para os personagens e
situações da trama. Dentro dessa bem delineada abordagem artística e
existencial de Alvarez, mesmo o gancho na conclusão do filme para uma possível
continuação não parece meramente oportunista – há uma coerência na
impossibilidade de um final feliz redentor para a protagonista arrivista Rocky (Jane
Levy).
Um comentário:
Tentando ver esse filme e ainda não consegui. Vamos ver se consigo semana que vem
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