quarta-feira, setembro 21, 2016

Conexão Escobar, de Brad Furman **

A profusão de séries, documentários, reportagens e afins, aliado a um distanciamento temporal, faz com que se crie uma espécie de febre de atração pela figura do mega traficante Pablo Escobar. Dessa maneira, nada mais natural que apareça mais uma produção cinematográfica a ter a sua figura como dos principais focos temáticos. Em “Conexão Escobar” (2016), ele praticamente não dá as caras, com a trama tendo como personagens mais presentes policiais que o investigavam e traficantes que giravam em torno de sua figura. O roteiro tem como protagonista o oficial de alfândega Robert Mazur (Bryan Cranston), que se infiltrou na organização de Escobar como um falso “lavador” de dinheiro sujo visando desvendar a teia econômica-criminosa de tráfico de drogas arquitetada pelo chefão e seus cúmplices. O artesanato narrativo engedrado pelo diretor Brad Furman é competente, por vezes até evocando narrativas semelhantes que apresentam aquela atmosfera ambígua de atração e repulsa pelo ambiente do crime que é típica de algumas das melhores obras de Martin Scorsese (“Caminhos perigosos”, “Bons companheiros”, “Cassino”, “Infiltrados”). Mas essa pretensão artística de Furman acaba não se justificando, principalmente pelo fato dele estar longe de ter a genialidade estética/existencial de Scorsese. Mesmo alguns truques formais aparentemente ousados como planos-sequência soam apenas como mero artificio decorativo em meio a uma abordagem artística convencional e que por várias vezes resvala num moralismo conservador, além de apresentar personagens unidimensionais em excesso e que chegam até a resvalar na burrice. Nesse sentido, a absurda sequência final do falso casamento de Mazur é um primor de cretinice – é até difícil acreditar que o roteiro tenha se baseado em fatos reais.

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