quinta-feira, setembro 08, 2016

Funcionário do mês, de Gennaro Nunziante **

Imagine que Renato Aragão em sua fase menos inspirada resolvesse fazer uma comédia a satirizar o funcionalismo público no Brasil. De certa forma, até não chega a ser um grande exercício de imaginação, pois a grande onda atual no humor brasileiro é se mostrar como um transgressor de direita... Mas se a hipótese de um Didi Mocó burocrata não parece tão absurda, então dá para se ter uma ideia do que representa a produção italiana “Funcionário do mês” (2016). A trama com o protagonista Checco (Checco Zalone), um funcionário público obcecado por não perder a estabilidade, até guarda algumas boas piadas. E é interessante a proposta do diretor Gennaro Nunziante de enquadrar uma temática de forte caráter social dentro de uma formatação de comédia escrachada. O problema é que a encenação é tão caricata que com o tempo acaba se tornando enfadonha, além da visão existencial da obra sobre questões complexas como reformas administrativas e desemprego cair em reducionismos preconceituosos e vazios. É consenso que o humor no geral tenha uma função de contestação dos valores morais e sociais do status quo vigente, mas “Funcionário do mês” apenas se limita a propagar um discurso que na verdade é a ladainha favorita de grandes corporações e da mídia oficial e dos políticos que as defendem.

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