quinta-feira, setembro 15, 2016

O homem nas trevas, de Fede Alvarez ***

Na refilmagem de “A morte do demônio” (2013), o diretor uruguaio Fede Alvarez já havia mostrado que tinha uma boa mão para o cinema de horror. Ainda que não tivesse o mesmo grau de inventividade de Sam Raimi, o responsável pelo filme original, demonstrou um considerável grau de criatividade na encenação e mesmo em certas nuances perturbadoras do roteiro. Em seu novo filme, “O homem nas trevas” (2016), ele se confirma como um nome interessante dentro do gênero. Narrativa e trama se estruturam nos moldes e clichês tradicionais do horror, mas o vigor do formalismo de Alvarez e o subtexto algo perverso da história colocam a produção em um nível acima da média. O truque temático básico de concentrar a narrativa dentro do espaço físico limitado de uma velha casa é explorado com habilidade, valorizando planos-sequência detalhistas, a atmosfera lúgubre e a direção de fotografia que evoca um certo gótico em seus enquadramentos e iluminação. É interessante também como a questão social e econômica da atual conjuntura dos Estados Unidos e uma ambiguidade na delimitação das fronteiras entre o bem e o mal dão uma perturbadora aura de sordidez e profundidade psicológica para os personagens e situações da trama. Dentro dessa bem delineada abordagem artística e existencial de Alvarez, mesmo o gancho na conclusão do filme para uma possível continuação não parece meramente oportunista – há uma coerência na impossibilidade de um final feliz redentor para a protagonista arrivista Rocky (Jane Levy).

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Tentando ver esse filme e ainda não consegui. Vamos ver se consigo semana que vem