Os créditos de “A filha” (2015) dizem que o filme é uma adaptação
de uma peça clássica do dramaturgo Henrik Ibsen. Do jeito que a produção ficou,
entretanto, parece que é uma versão pseudo-artística de alguma novela global. Não
que a trama em si seja propriamente brega e previsível, mas o que realmente
incomoda nessa obra dirigida por Simon Stone é a mão pesada do cineasta em sua
encenação. O tom solene e asséptico da primeira metade da narrativa até dá uma
enganada, mesmo que o roteiro indique alguns incômodos lugares comuns
temáticos. Na metade final do filme, a pretensa sobriedade da abordagem formal
e textual vai para o espaço e “A filha” se torna uma irritante síntese de
exageros melodramáticos e metáforas ordinárias. Pode-se perceber algumas
intenções nobres em termos de expor no subtexto da obra um simbolismo mais
contundente, a relacionar uma perspectiva intimista e uma visão social crítica
dos valores morais hipócritas da sociedade ocidental, mas a falta de inspiração
artística de Stone faz tal pretensão cair por terra.
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