quarta-feira, agosto 09, 2017

O sonho de Greta, de Rosemary Myers *1/2

Ter influências artísticas na concepção de uma obra não é algo errado por si só. O problema é como tais influências são utilizadas. Em “O sonho de Greta” (2015), dá para perceber referências claras à encenação anti-naturalista típica de Wes Anderson, à estilização visual habitual de Tim Burton e ao onirismo característico de David Lynch. Na pretensão conceitual da diretora Rosemary Myers provavelmente estava o desejo de misturar tais influências com uma narrativa a versar sobro o rito de passagem da infância para a adolescência para a protagonista Greta (Belthany Whitmore) com todos os desdobramentos emocionais inerentes a tal mudança. O problema é que Myers não consegue dar uma fluência narrativa para tal ambição artística-existencial, vide uma encenação engessada, um formalismo pouco inspirado e um roteiro nada sutil que joga sem cerimônia o seu subtexto na cara do espectador (por vezes, dá a impressão de que o filme parece ser uma produção institucional a ser exibida em escolas). Mesmo elementos que poderiam trazer algum fator diferencial para o trabalho de Myers, como as citações setentistas da direção de arte e uma certa atmosfera sombria, acabam soando mais como forçadas tentativas de parecer cool do que propriamente como fatores criativos que se inserem de maneira orgânica e coerente na narrativa.

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