Ter influências artísticas na concepção de uma obra não é
algo errado por si só. O problema é como tais influências são utilizadas. Em “O
sonho de Greta” (2015), dá para perceber referências claras à encenação
anti-naturalista típica de Wes Anderson, à estilização visual habitual de Tim
Burton e ao onirismo característico de David Lynch. Na pretensão conceitual da
diretora Rosemary Myers provavelmente estava o desejo de misturar tais
influências com uma narrativa a versar sobro o rito de passagem da infância
para a adolescência para a protagonista Greta (Belthany Whitmore) com todos os
desdobramentos emocionais inerentes a tal mudança. O problema é que Myers não
consegue dar uma fluência narrativa para tal ambição artística-existencial,
vide uma encenação engessada, um formalismo pouco inspirado e um roteiro nada
sutil que joga sem cerimônia o seu subtexto na cara do espectador (por vezes,
dá a impressão de que o filme parece ser uma produção institucional a ser
exibida em escolas). Mesmo elementos que poderiam trazer algum fator
diferencial para o trabalho de Myers, como as citações setentistas da direção
de arte e uma certa atmosfera sombria, acabam soando mais como forçadas
tentativas de parecer cool do que propriamente como fatores criativos que se
inserem de maneira orgânica e coerente na narrativa.
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