terça-feira, agosto 22, 2017

Planeta dos macacos: A guerra, de Matt Reeves ***1/2

Depois do melodrama excessivo de “Planeta dos macacos: A revolta” (2014), o diretor Matt Reeves arruma a casa e faz com que a franquia retome um rumo mais convincente e divertido em “Planeta dos macacos: A guerra” (2017). Ainda que a trama apresente os seus momentos sentimentais, o roteiro consegue fazer uma síntese eficiente entre a aventura e as implicações morais da história. Logo no início do filme, já é apresentada uma memorável sequência de batalha envolvendo símios e humanos, aproximando novamente a série daquela atmosfera casca-grossa das clássicas produções de décadas atrás da franquia. Reeves conseguiu desenvolver de maneira inspirada os preceitos básicos do gênero aventura fantástica pos-apocalítptica – a caracterização imagética é impactante, os principais personagens apresentam efetivas nuances psicológicas (com destaque para o atormentado protagonista César e seu antagonista humano Coronel), as sequências de ação são coreografadas com detalhismo e fúria. E mesmo o subtexto do roteiro apresenta elementos surpreendentes na visão de contundente acidez crítica na exposição sem atenuantes do militarismo obtuso e desumano da sociedade ocidental, bem como à intolerância em relação àquilo que é considerado diferente. Nesse sentido, a figura dos macacos em fuga à procura de um lugar em que possam viver em paz tanto se conecta as passagens bíblicas quanto aos episódios recentes de refugiados da África e Ásia que são perseguidos por questões políticas e religiosas e são tratados com desdém desumano pelos povos ocidentais. Poucos blockbusters nos últimos anos tiveram a ousadia de fazer tal reflexão.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Imagine o que esse diretor irá fazer no novo filme solo do Batman