Um dos aspectos mais interessantes na carreira do diretor
Christopher Nolan é a forma como conseguiu desenvolver e manter um certo padrão
autoral em grandes produções dos estúdios norte-americanos. Esse seu traço
artístico peculiar se aplica até para alguns dos equívocos estéticos que são
recorrentes em suas obras, principalmente no que diz respeito a uma certa
assepsia visual. Em “Dunkirk” (2017), seu filme mais recente, tal incômodo
persiste – para um filme de 2ª Guerra Mundial repleto de violência brutal,
chega a ser estranho a ausência de sangue e uma “limpeza” na caracterização de
personagens e situações. Por outro lado, daria para dizer que isso se vincula a
uma concepção de narrativa que se liga muito mais à recriação de um imaginário
do conflito do que ao desejo de uma reconstrução mais realista de fatos
históricos – é de reparar, por exemplo, nas ótimas interpretações no estilo
icônico de Tom Hardy e Mark Rylance. Ou seja, aquilo que era para ser um “erro”
acaba adquirindo um sentido estético-temático e se torna uma condição
estilística de efetiva coerência. É fato também que outros aspectos pertinentes
do estilo de Nolan também ficam evidentes em “Dunkirk”, principalmente no que
diz respeito a uma encenação precisa e a fluidez do ritmo narrativo. Dentro de
tais preceitos formais, Nolan consegue realizar um feito admirável ao articular
com que lugares comuns do roteiro ligados a patriotismo e sentimentalismos
adquiram uma dimensão mais ampla e complexa, em que as ações relacionadas à
retirada de tropas francesas e inglesas sob inclemente ataque alemão se mostram
como uma intensa luta pela sobrevivência sob uma perturbadora atmosfera de
pesadelo. Nesse sentido, uma das grandes sacadas narrativas de Nolan está no
uso do som ambiental e dos temas musicais da trilha sonora, que se entrelaçam
de maneira orgânica e insólita, resultando em algumas sequências de angustiante
tensão dramática.
Um comentário:
Super boa resenha! Eu devo dizer que também amei todo o trabalho que o diretor fez nesse filme. Todo é super bom. Realmente vale a pena todo o trabalho que a produção fez, cada detalhe faz que seja um dos Christopher Nolan melhores filmes. Mais que filme de ação, é um filme de suspense, todo o tempo tem a sua atenção e você fica preso no sofá. Os filmes de Christopher Nolan são cheios do seu estilo, e logo se pode identificar quem esta responsável pela direção. Se alguém ainda não viu, eu recomendo amplamente, vocês vão gostar com certeza.
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