quarta-feira, agosto 16, 2017

Dunkirk, de Christopher Nolan ***1/2

Um dos aspectos mais interessantes na carreira do diretor Christopher Nolan é a forma como conseguiu desenvolver e manter um certo padrão autoral em grandes produções dos estúdios norte-americanos. Esse seu traço artístico peculiar se aplica até para alguns dos equívocos estéticos que são recorrentes em suas obras, principalmente no que diz respeito a uma certa assepsia visual. Em “Dunkirk” (2017), seu filme mais recente, tal incômodo persiste – para um filme de 2ª Guerra Mundial repleto de violência brutal, chega a ser estranho a ausência de sangue e uma “limpeza” na caracterização de personagens e situações. Por outro lado, daria para dizer que isso se vincula a uma concepção de narrativa que se liga muito mais à recriação de um imaginário do conflito do que ao desejo de uma reconstrução mais realista de fatos históricos – é de reparar, por exemplo, nas ótimas interpretações no estilo icônico de Tom Hardy e Mark Rylance. Ou seja, aquilo que era para ser um “erro” acaba adquirindo um sentido estético-temático e se torna uma condição estilística de efetiva coerência. É fato também que outros aspectos pertinentes do estilo de Nolan também ficam evidentes em “Dunkirk”, principalmente no que diz respeito a uma encenação precisa e a fluidez do ritmo narrativo. Dentro de tais preceitos formais, Nolan consegue realizar um feito admirável ao articular com que lugares comuns do roteiro ligados a patriotismo e sentimentalismos adquiram uma dimensão mais ampla e complexa, em que as ações relacionadas à retirada de tropas francesas e inglesas sob inclemente ataque alemão se mostram como uma intensa luta pela sobrevivência sob uma perturbadora atmosfera de pesadelo. Nesse sentido, uma das grandes sacadas narrativas de Nolan está no uso do som ambiental e dos temas musicais da trilha sonora, que se entrelaçam de maneira orgânica e insólita, resultando em algumas sequências de angustiante tensão dramática.

Um comentário:

Unknown disse...

Super boa resenha! Eu devo dizer que também amei todo o trabalho que o diretor fez nesse filme. Todo é super bom. Realmente vale a pena todo o trabalho que a produção fez, cada detalhe faz que seja um dos Christopher Nolan melhores filmes. Mais que filme de ação, é um filme de suspense, todo o tempo tem a sua atenção e você fica preso no sofá. Os filmes de Christopher Nolan são cheios do seu estilo, e logo se pode identificar quem esta responsável pela direção. Se alguém ainda não viu, eu recomendo amplamente, vocês vão gostar com certeza.