Depois do melodrama excessivo de “Planeta dos macacos: A
revolta” (2014), o diretor Matt Reeves arruma a casa e faz com que a franquia
retome um rumo mais convincente e divertido em “Planeta dos macacos: A guerra”
(2017). Ainda que a trama apresente os seus momentos sentimentais, o roteiro
consegue fazer uma síntese eficiente entre a aventura e as implicações morais
da história. Logo no início do filme, já é apresentada uma memorável sequência
de batalha envolvendo símios e humanos, aproximando novamente a série daquela
atmosfera casca-grossa das clássicas produções de décadas atrás da franquia.
Reeves conseguiu desenvolver de maneira inspirada os preceitos básicos do
gênero aventura fantástica pos-apocalítptica – a caracterização imagética é
impactante, os principais personagens apresentam efetivas nuances psicológicas
(com destaque para o atormentado protagonista César e seu antagonista humano
Coronel), as sequências de ação são coreografadas com detalhismo e fúria. E
mesmo o subtexto do roteiro apresenta elementos surpreendentes na visão de contundente
acidez crítica na exposição sem atenuantes do militarismo obtuso e desumano da
sociedade ocidental, bem como à intolerância em relação àquilo que é
considerado diferente. Nesse sentido, a figura dos macacos em fuga à procura de
um lugar em que possam viver em paz tanto se conecta as passagens bíblicas
quanto aos episódios recentes de refugiados da África e Ásia que são
perseguidos por questões políticas e religiosas e são tratados com desdém
desumano pelos povos ocidentais. Poucos blockbusters nos últimos anos tiveram a
ousadia de fazer tal reflexão.
Um comentário:
Imagine o que esse diretor irá fazer no novo filme solo do Batman
Postar um comentário