Fome de Viver, de Tony Scott ***1/2:
Em sua obra de estréia, Tony Scott já trazia algo do estilo que o consagrou (ou o desgraçou, na opinião de alguns...), mas utilizado de forma mais contida. A fotografia em tons estourados e a edição frenética, herança clara dos seus tempos de diretor de comerciais, estão lá, só que utilizados de maneira parcimoniosa. A brilhante seqüência de abertura ilustra isso: cortes bruscos e muito bem realizados alternam simultaneamente a ação de “caça” do casal de vampiros em uma lúgubre discoteca (onde aparece a cultuada banda gótica Bauhaus tocando a clássica “Bela Lugosi is Dead”) e o momento em que os mesmos atacam as suas presas em seu belo e sofisticado apartamento. Aliás, é extremamente interessante como Tony Scott consegue conciliar climas e cenários elegantes com momentos de violência brutal explícita de puro mau gosto, com muito sangue espirrando e vampiros-zumbis, obtendo dessa forma um contraste fantástico. Contribui bastante também para esse estranho vampirismo-chic de “Fome de Viver” a atuação do casal protagonista. Catherine Deneuve parece ter nascido para o papel de vampira socialite, sendo que repete com precisão os mesmos trejeitos glaciais de sempre. Já David Bowie executa com perfeição o papel dele mesmo, só que com hábitos alimentares sanguinários e um pequeno problema de envelhecimento acelerado...
No geral, pode-se dizer que “Fome de Viver” é uma versão melhorada de alguns clássicos do gênero vampirismo erótico, como “Vampiras Lésbicas” de Jesus Franco e “Fascinação” de Jean Rollin. É olha que isso não é pouca coisa.
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