In Case You Didn’t Feel Like Showing Up (1990), disco ao vivo que trazia registros da turnê de The Mind Is A Terrible Thing To Taste, mostrou como o Ministry conseguia traduzir nos shows a música repleta de detalhes de produções das gravações de estúdio. Se em tais performances “live” a banda não trazia todos as nuances de samplers e ruídos insólitos característicos de seus discos, isso se compensava pela nova dimensão que as canções ganhavam ao vivo. Temas como Burning Inside e Thieves perdem o seu andamento marcial original e acabam soando mais orgânicas, ganhando uma intensidade agressiva impressionante. As cyberpunks The Missing e Stigmata são tomadas por uma dinâmica notavelmente hardcore. Mas o grande momento do disco é mesmo So What, tema de estrutura musical fascinante que nasce a partir de um ritmo lento e ameaçador, desenvolve-se em um crescendo instigante e desemboca numa explosão épica de guitarras, contando com uma interpretação adequadamente sinistra do vocalista Chris Connelly, fiel colaborador de Jourgensen e Barker. Aliás, So What também é um dos grandes destaques da versão em vídeo de In Case You Didn’t Feel Like Showing Up. Confesso que não tenho muita paciência de assistir a shows pela televisão, mas vale a pena conferir Connelly cantando/vociferando So What pendurado numa grade que circunda a banda como se a mesma estivesse enjaulada.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
segunda-feira, novembro 30, 2009
In Case You Didn`t Feel Like Showing Up - Ministry
In Case You Didn’t Feel Like Showing Up (1990), disco ao vivo que trazia registros da turnê de The Mind Is A Terrible Thing To Taste, mostrou como o Ministry conseguia traduzir nos shows a música repleta de detalhes de produções das gravações de estúdio. Se em tais performances “live” a banda não trazia todos as nuances de samplers e ruídos insólitos característicos de seus discos, isso se compensava pela nova dimensão que as canções ganhavam ao vivo. Temas como Burning Inside e Thieves perdem o seu andamento marcial original e acabam soando mais orgânicas, ganhando uma intensidade agressiva impressionante. As cyberpunks The Missing e Stigmata são tomadas por uma dinâmica notavelmente hardcore. Mas o grande momento do disco é mesmo So What, tema de estrutura musical fascinante que nasce a partir de um ritmo lento e ameaçador, desenvolve-se em um crescendo instigante e desemboca numa explosão épica de guitarras, contando com uma interpretação adequadamente sinistra do vocalista Chris Connelly, fiel colaborador de Jourgensen e Barker. Aliás, So What também é um dos grandes destaques da versão em vídeo de In Case You Didn’t Feel Like Showing Up. Confesso que não tenho muita paciência de assistir a shows pela televisão, mas vale a pena conferir Connelly cantando/vociferando So What pendurado numa grade que circunda a banda como se a mesma estivesse enjaulada.
Star Trek, de J.J. Abrams ***1/2
Submarino Amarelo, de George Dunning e Dick Emmery ***1/2
Depois da Escola, de Antônio Campos ***
Anjos e Demônios, de Ron Howard *
Sinédoque, Nova Iorque, de Charlie Kaufman ****
NOCTURNE - Siouxsie and The Banshees
Para mim, escrever sobre Nocturne (1983), álbum ao vivo de Siouxsie e seus Banshees gravado no tradicional Royal Albert Hall, acaba implicando em inevitáveis acessos a reminiscências juvenis. Lembro que na minha adolescência por várias vezes escutei na Ipanema FM a faixa de abertura desse disco: uma introdução bombástica com a Sagração da Primavera de Igor Stravinsky que dramaticamente é interrompida pela potente e soturna linha de baixo de Steven Severin e um marcante riff minimalista de guitarra que anunciam a poderosa versão de Israel.
Nocturne marcava uma espécie de fecho do período do auge criativo da banda, representado pela trinca espetacular Kaleidoscope (1980), Juju (1981) e A Kiss In The Dreamhouse (1982). Em tais discos, a banda substituía o punk rock barulhento de The Scream (1978) e Join Hands (1979) por uma inusitada combinação de rock, sonoridades psicodélicas e influências de reggae. Os ritmos quebrados e tribais da bateria de Budgie, os tons lúgubres do baixo de Severin e os timbres peculiares e levemente dissonantes do guitarrista John McGeoch geravam arranjos compactos e dinâmicos, ao mesmo tempo que realçavam as belas melodias sombrias das canções e o canto gélido de Siouxsie. Essa musicalidade fortemente particular da banda acabou se tornando uma das mais características e influentes do período pós-punk.
Em Nocturne, a sutileza e os detalhismos dos arranjos são colocados em segundo plano em prol de um rock mais básico e urgente. Assim, canções como Paradise Place e Cascade ganham uma intensidade impressionante, quase selvagem, enquanto temas clássicos da banda como Happy House e Spellbound apresentam uma atmosfera ainda mais densa que nas versões de estúdio. Apesar de nesse show já não contarem mais com McGeoch, os Banshees encontraram um substituto mais que adequado em Robert Smith (sim, ele mesmo, o eterno líder do Cure). A guitarra do rapaz não apenas reproduz o estilo de McGeoch como também acrescenta um toque mais ríspido, remetendo à própria banda originária de Smith.
segunda-feira, novembro 23, 2009
Rock`n`Roll Animal - Lou Reed
Talvez a melhor maneira para tentar entender o que é Rock n Roll Animal é pensar numa inusitada equação histórica. Pense inicialmente que a primeira metade da década de 70, pelo menos na Inglaterra, foi marcada pelo auge do Glam Rock de David Bowie, Roxy Music e T.Rex, movimento musical esse que teve o Velvet Underground como uma das suas influências primordiais. Logo depois, deve-se lembrar que foi o citado Bowie quem ajudou Lou Reed a se reerguer de um certo ostracismo em que se encontrava após o fim do Velvet, sendo que Bowie chegou a produzir, inclusive, o fundamental Transformer (1973). Ora, observando todo esse contexto, nem é tão complicado concluir que Rock n Roll Animal é algo como Lou Reed homenageando/sacaneando o tal do Glam Rock (não à toa, o cara está todo maquiado na capa do disco), tocando algumas pérolas do repertório do Velvet sob uma ótica espalhafatosa, exagerada e pesada, típica daquela época. A resposta final dessas conjecturas e equações tortas é algo como se o Velvet Underground houvesse renascido como uma banda de hard rock, com direito inclusive a solos virtuosos de guitarra!! Convenhamos, entretanto, que raras vezes o hard rock foi tão sujo, ambíguo e inspirado quanto em Rock n Roll Animal. Lou Reed contava na época com uma banda fabulosa, encabeçada por uma dupla de guitarristas fenomenais: Dick Wagner e Steve Hunter. O brilhante arranjo de guitarras se entrecruzando de forma sinuosa em Sweet Jane e o alucinado duelo de riffs e solos na versão acelerada de White Light/White Heat são momentos maravilhosamente desconcertantes e que fazem do disco não apenas um dos melhores álbuns ao vivo do rock, mas também um marco no quesito “grandes discos guitarrísticos”.
As Testemunhas, de André Techiné ***1/2
Katyn, de Andrzej Wadja ****
E por falar em filmes sobre 2ª Guerra, não há como não fazer a comparação: se Quentin Tarantino abusou da ironia e do irreal para construir a sua visão pessoal sobre o conflito em questão e acabou obtendo um resultado fabuloso em “Bastardos Inglórios”, Wadja utilizou um caminho totalmente inverso dentro da mesma temática que resultou em um filme igualmente extraordinário.
Ele Não Está Tão a Fim de Você, de Ken Kwapis **1/2
Fome, de Steve McQueen ****
Passagem Para Índia, de David Lean ****
The Bootleg Series, Vol. 4: The "The Royal Albert Hall" Concert - Bob Dylan & The Band
O show em questão foi emblemático tanto pela música quanto pelas circunstâncias históricas nas quais Dylan estava envolvido na época. O primeiro disco traz a metade inicial da apresentação, sendo um retrato perfeito do artista que a maioria dos fãs puristas queria ver no palco: o trovador solitário, armado de voz, violão e gaita, desfiando uma série de temas acústicos e clássicos. E Dylan mostra por quê era fácil amar essa sua encarnação de menestrel folk, oferecendo uma interpretação intensa e plena de lirismo para canções que já naquela época estavam intrinsecamente ligadas ao imaginário musical do planeta (jóias como It’s All Over Now, Baby Blue, Just Like a Woman e Mr. Tambourine Man).
Os desavisados que ouvirem o segundo disco poderão levar um susto e se questionarem como é que um dos ditos melhores discos ao vivo de todos os tempos pode ter na sua gravação o registro de tantas vaias vindas da platéia. A explicação não é tão difícil de se entender: na segunda parte da apresentação, sai aquele Dylan acústico e símbolo dos movimentos contestatórios sociais e entra um artista ainda mais inquietante e não disposto a oferecer respostas prontas e claras para o público, mais interessado em dar vazão à sua efervescência criativa do que corresponder às expectativas ideológicas e estéticas ortodoxas de seus (ex?)fãs. Para ele, o conceito de tradição já não faz tanto sentido assim e enfiar a eletricidade no folk e fundi-lo com o rock é o caminho mais que natural. É claro que a resposta da maioria de seus admiradores não poderia ser das melhores... Nessa nova arquitetura sonora, Dylan encontrou na The Band os parceiros mais que adequados. Afinal, “A Banda” era composta por caras que juntavam sem cerimônia várias vertentes do tradicionalismo musical norte-americano (country, blues, jazz, folk) dentro da linguagem rock da época, em que instrumentos acústicos conviviam em singular harmonia com guitarras, órgão e bateria faiscantes. O show em questão é a prova incontestável dessa parceria genial entre Dylan e o The Band. Músicas essenciais do cancioneiro “dylaniano” como I Don’t Believe You e Ballad of a Thin Man são transfiguradas divinamente pelo órgão celestial de Garth Hudson e pela sensibilidade melódica da guitarra de Robbie Robertson. O piano de Richard Manuel pontua magicamente o repertório com intervenções preciosas recheadas de influências de blues e jazz. O detalhismo sônico do The Band encontra no baixista Rick Danko uma espécie de fio condutor que une elementos tão diversos em um conjunto em perfeita sintonia. Diante de uma musicalidade tão cheia de nuances e ao mesmo tempo executada com sensacional crueza, temos um Dylan oferecendo algumas das interpretações mais rascantes da sua carreira. A conclusão de tal performance, e por conseqüência do disco em questão, só poderia desembocar numa versão raivosa, pesada e quase arrastada de Like A Rolling Stone. Ouvir esse verdadeiro pandemônio elétrico entremeado por vaias e apupos intolerantes é uma experiência de proporções quase surreais. Talvez nunca a surrada expressão “jogar pérolas aos porcos” tenha encontrado uma situação tão propícia para ser utilizada...
sábado, novembro 14, 2009
O Milagre de Santa Ana, de Spike Lee ***1/2
Mesmo não estando entre o melhor da filmografia de Spike Lee, “O Milagre de Santa” confirma o seu nome como um dos talentos diferenciados no atual panorama cinematográfico.
Budapeste, de Walter Carvalho ***
Um Ato de Liberdade, de Edward Zwick ***
Deserto Feliz, de Paulo Caldas ***
domingo, novembro 08, 2009
SuperOutro, de Edgar Navarro ****
Bete Balanço, de Lael Rodrigues *
quarta-feira, novembro 04, 2009
Eu Te Amo, Cara, de John Hamburg ***1/2
Confesso que as minhas expectativas para “Eu Te Amo, Cara” não eram das mais altas, pois o diretor John Hamburg é o mesmo do insosso “Quero Ficar Com Polly?” (2004). Mas o saldo final dessa sua produção recente é tão positivo que faz despertar a curiosidade pelo seu próximo filme.