quinta-feira, janeiro 31, 2013

João e Maria: Caçadores de bruxas, de Tommy Wircola **


A recriação de contos de fada sob um prisma moderno tem representado uma tendência forte no atual panorama cinematográfico. Até porque não deixa de ser uma premissa interessante propor uma nova visão de personagens e histórias que habitam o imaginário cultural há tanto tempo. Nos quadrinhos tal vertente artística tem gerado resultados expressivos (vide a ótima série “Fábulas”). A verdade, entretanto, é que no cinema o saldo final de boa parte de tais produções está longe de ser consistente. “João e Maria: Caçadores de bruxas” (2013) é um exemplo claro disso. O mote inicial, de modo geral, até seria interessante: após matarem a bruxa dona da casa de doces que quase os devorou, os protagonistas tornam-se profissionais na arte de caçar e exterminar feiticeiras. Apesar disso, parece que o diretor Tommy Wircola não soube muito bem o que fazer com o material que tinha em mãos. Na sua concepção, modernizar a lenda seria transformá-la num grande vídeo game estilo “Resident Evil”, só que colocando bruxas no lugar dos zumbis. O roteiro mais parece um pretexto picareta para mostrar as feiticeiras sendo mortas de diversas formas brutais. Não há tensão e muito menos horror – a obra é mais uma aventura bem bobinha, só que com alguns litros de sangue a mais. E nesse sentido, até consegue chamar a atenção para um nível até alto de gore dentro dos padrões de Hollywood, o que rende alguns momentos divertidos para o filme. Num sentido geral, é como se “João e Maria: Caçadores de bruxas” fosse uma obra trash classe Z, mas com um orçamento classe A.

quarta-feira, janeiro 30, 2013

Lincoln, de Steven Spielberg ***



Antes de mais nada, há de se ressaltar os méritos indiscutíveis de “Lincoln” (2012). O diretor Steven Spielberg mostra a sua notória capacidade narrativa ao conceber uma narrativa de quase três horas, repleta de cenas com longos diálogos e soturnos ambientes fechados, em que o espectador não sente muito o tempo passar. A direção de arte do filme também é um ponto alto, trazendo uma interessante combinação entre a fidelidade na recriação histórica e a estilização. Por outro lado, a produção se caracteriza como um dos momentos menos inspirados na filmografia de Spielberg no sentido de criatividade. O grande equívoco da obra está no descompasso do seu texto com a abordagem concebida pelo diretor. O roteiro aparenta uma intenção desmistificadora ao colocar que a emenda abolicionista conquistada pelo protagonista veio à custa de clientelismo e corrupção. Dessa forma, o filme exigiria um estilo de distanciamento emocional, sem arroubos sentimentais, até mesmo de perfil irônico, ou seja, uma abordagem que Spielberg já tinha adotado com brilhantismo no extraordinário “Munique” (2005). O resultado final, entretanto, é diverso: em várias seqüências de “Lincoln”, ele adota um estilo entre o didático e o laudatório, quase como se o filme fosse dedicado a ser exibido em aulas de Moral e Cívica nos EUA. Por mais que a trama procure evocar que não há uma delimitação tão precisa entre o bem (abolicionistas) e o mal (escravagistas), o tratamento oferecido por Spielberg se resume a um conto maniqueísta de mocinhos e bandidos. Pelo menos de cinco em cinco minutos, alguém profere algum discurso edificante, o que reforça ainda mais o caráter “institucional” da coisa toda. E nessa onda, até mesmo o elenco acaba embarcando em interpretações preguiçosas ou destituídas de alguma dimensão humana expressiva – Daniel Day Lewis e Tommy Lee Jones parecem no piloto automático, enquanto Sally Field se limita a um histerismo enjoativo.

No final das contas, “Lincoln” acaba reforçando que Spielberg é um diretor muito mais memorável e capaz de surpreender quando embarcas nas produções ditas “pipocas” como “Tubarão” (1975), “Os caçadores da arca perdida” (1981), “Parque dos dinossauros” (1993)e “As aventuras de Tintim” (2011)

terça-feira, janeiro 29, 2013

O mestre, de Paul Thomas Anderson ****




Analisando a filmografia de Paul Thomas Anderson, pode-se perceber que a cada filme suas concepções vem ficando mais radicais e distantes dos padrões comerciais normais do cinema norte-americano contemporâneo. “Sangue negro” (2007) já evidenciava uma pegada mais próxima da obra de Terrence Malick e de uma formatação distante de Hollywood. “O mestre” (2012) envereda ainda mais profundamente nessa linha estética, configurando-se como a obra mais intrincada de Anderson. O diretor mantém uma atmosfera rarefeita e por vários momentos contemplativa. A direção de fotografia acentua essa tendência, com enquadramentos que valorizam paisagens quase desertas, além de possuírem uma iluminação insólita, que transita entre o realismo e uma certa ambientação de beatitude. Os movimentos de câmera são precisos, ressaltando uma sensação de imobilismo que o roteiro evoca. Esse rigoroso conjunto formal configura uma narrativa etérea e por vezes exasperante no seu detalhismo cênico.

A complexidade estética proposta por Anderson não é gratuita. A difícil natureza de sua trama é reflexo e complemento dessa ousadia formal. O roteiro não propõe uma visão simples sobre uma temática tão ampla – vazio existencial, questionamentos metafísicos, a procura por uma figura paterna, sexo, morte. O material promocional que associa “O mestre” à cientologia é equivocado – o filme não se propõe a contar a história de religião alguma. Na realidade, mal dá para dizer que a sua visão seja mesmo negativista sobre os sentimentos religiosos de seus personagens. Por vezes, o fato de Lancaster Todd (Philip Seymour Hoffman) ser uma espécie de pastor é quase circunstancial. O cerne do filme está na relação que se estabelece entre Lancaster e o atormentado Freddie Quell (Joaquin Phoeniz) – este admira Lancaster como uma espécie de pai e conselheiro, mas não consegue acreditar na sua doutrina. Já o último procura “salvar” Quell, mas no íntimo sente afeição pelo pobre diabo justamente por ele representar um comportamento libertário e rebelde ao qual Lancaster não mais se permite como líder religioso. Assim, não há soluções mágicas ou epifânicas no roteiro – a redenção de Quell é um ideal muito distante da dura realidade.

Essa abordagem ousada de Anderson rende alguns dos momentos mais encantadores de “O mestre”, mas também torna o filme um tanto irregular. Por vezes, sente-se a preocupação extremada da produção em se estabelecer como “grande arte”, resultando em escolhas que empalidecem a narrativa. Isso se evidencia em seqüências que adquirem um incômodo tom solene, principalmente no uso da trilha sonora, que às vezes se insere indevidamente em algumas cenas, como se houvesse a necessidade de ressaltar a importância delas.

Mas se “O mestre” não atinge o mesmo status de obra-prima como “Sangue negro”, mesmo assim se credencia como uma experiência cinematográfica memorável. E só o desempenho antológico de Joaquin Phoenix já credenciaria o filme como tal. O ator atinge um grau de entrega impressionante, fazendo uma caracterização física e psíquica que parece pura possessão, lembrando Daniel Day Lewis no mencionado “Sangue negro”.

segunda-feira, janeiro 28, 2013

Amor, de Michael Haneke ****


No cinema de Michael Haneke, o sentimentalismo passa longe. A abordagem formal do diretor austríaco é marcada por um rigor estético inclemente, enquanto em termos temáticos ele filtra a sua visão por uma frieza cirúrgica. Em “Amor” (2012), suas concepções artísticas são levadas a um extremo impressionante. A partir de uma trama que tinha tudo para cair em excessos emocionais fáceis, ele parte para um rumo desconcertante ao dissecar com minúcias valores caros à própria humanidade. A câmera de Haneke sugere um observador que se preocupar em detalhar os passos mais expressivos do calvário de seus personagens. A direção de fotografia é composta por planos-seqüência sutis, que percorrem sem maiores cerimônias o amplo apartamento que serve de cenário para o filme, além de expressivos planos fixos que realçam a angústia dos protagonistas. Essa estética sóbria da produção amplia a tensão sufocante natural que a história emana. O realismo impresso por Haneke em seu formalismo, entretanto, permite-se a lampejos cortantes de cinema fantástico, que tanto pode se configurar como onírico ou até confundir com o delírio. Essa contraposição entre o real e o fantástico enfatiza, na verdade, aquilo que “Amor” tem de mais contundente: a capacidade narrativa de fazer com que a trama de um micro-universo se transfigure na simbologia ácida a retratar as relações humanas. O casal de idosos do filme representa o ideário daquilo que pode ser caracterizado como mais civilizado na sociedade ocidental: são cultos e refinados, tem prestígio social, uma filha bem ajustada e moram num bairro classe média alta. À medida que a doença de Anne (Emmanuelle Riva) piora, esse equilíbrio comportamental é colocado à prova e não resiste, desintegrando-se de forma inexorável. Não há espaço para redenção nessa trajetória, culminando em reações atávicas e violentas por parte de Georges (Jean-Louis Trintignant) – sua desintegração psicológica, junto à decadência física de Anne, representa a destruição do moralismo pequeno-burguês. Ou seja, “Amor” é uma verdadeira paulada sensorial nas nossas cabeças, capaz de ficar ressoando por um bom tempo no imaginário de seu público.

sexta-feira, janeiro 25, 2013

Celeste e Jesse para sempre, de Lee Toland Krieger **1/2


É provável que vocês, leitores desta resenha, já tenham visto recentemente uma ou mais produção parecida, a partir de alguns elementos recorrentes – trama a retratar de uma perspectiva realista o término de um relacionamento, referências à cultura pop, trilha sonora repleta de temas de caráter alternativo (ou indie, para os mais moderninhos). Por mais formulaica que possa parecer tal receita, é inegável que esses filmes acabam ganhando um público cativo, principalmente pelo fator da identificação que cria com a platéia. Dentro desse contexto, “Celeste e Jessé para sempre” (2012) atende a essas expectativas, mas não vai muito além disso. Por vezes, o drama do seu casal de protagonistas consegue atingir um certo tom pungente ao enfatizar o aspecto doloroso de uma relação que está se desfazendo. Mas em termos formais, não há maiores atrativos na narrativa – a diretora Lee Toland Krieger mais se preocupa em contar direitinho a sua história, sem maiores arroubos. O roteiro, entretanto, é o ponto mais incômodo: obedece em demasia a um padrão esquemático e pouco sutil, resvalando num equivocado e óbvio simbolismo.

quinta-feira, janeiro 24, 2013

Django livre, de Quentin Tarantino ****




É quase impossível escrever sobre um filme de Quentin Tarantino sem fazer conexões com outros títulos de sua filmografia. Isso porque esse conjunto de obras representa um universo próprio, que se une por particulares regras estéticas e conceituais. Assim, tais produções se ligam, trazem ramificações e suscitam comparações entre si. Dentro desse ordenamento, pode-se dizer que “Bastardos Inglórios” (2009) representava uma virada importante na carreira do diretor. Sem abandonar suas concepções peculiares de cinema, era como se Tarantino procurasse se voltar para um cinema mais “normal” em termos narrativos, sem utilizar tanto os recursos de citações e referências (ainda que elas lá estivessem presentes de forma marcantes). Essa ruptura não marcava uma forma dele se mostrar mais acessível para o grande público, mas simplesmente a vontade de enveredar por novos caminhos artísticos.

Diante desse quadro, “Django livre” (2012) é a continuação natural desse novo caminho de Tarantino. Se em “Bastardos inglórios” ele enveredou por uma espécie de revitalização do gênero do filme de guerra, nessa obra mais recente ele traz trama e uma abordagem estética diretamente calcadas nos faroestes espaguetes, que tiveram o seu auge comercial lá pelos anos 60 e 70 (e que de certa forma sempre foram influentes em algumas das produções de Tarantino, com destaque para “Kill Bill”). É claro que o resultado final de “Django livre” não é uma cópia exata dos moldes clássicos estabelecidos por Sergio Leone e afins. O cineasta norte-americano trabalha com alguns dos elementos mais característicos dos espaguetes (closes e zoom exagerados em profusão, temas musicais típicos, interpretações um tanto over de seus atores), mas os subverte de acordo com seus padrões. Tanto que o filme por várias vezes evoca os preceitos do blackexpoitation (subgênero já revisitado por Tarantino em “Jackie Brown”).

Se “Bastardos Inglórios” era pautado por um roteiro lapidado de forma obsessiva e por um rigor formal de sua narrativa, “Django livre” se mostra como a produção mais caótica da lavra de Tarantino. Seu texto é mais frouxo, às vezes até com trechos que poderiam ter sido podados na edição (sério, mas eu nunca esperava ver tantos momentos contemplativos num filme do cineasta, principalmente naquelas cavalgadas sob um horizonte crepuscular). Também é a trama mais linear já vista na sua trajetória, tanto que quase não há daquela idas e vindas no tempo. Na verdade essas diferenças marcam uma divisão existencial/artística fascinante: enquanto “Bastardos inglórios” é apolíneo na sua busca pela concisão e perfeição, “Django livre” é dionisíaco no seu barroquismo e no seu simples desejo pelo prazer sensorial. Ou seja, esse último talvez seja o mais irregular dos filmes de Tarantino, mas também é dos seus mais epifânicos e catárticos, pleno de seqüências de uma verdadeira orgia audiovisual.

Mas talvez a melhor forma de traduzir o que significa uma obra como “Django livre” é tentar expressar uma sensação muito pessoal – aquela em que um filme pode causar tantos momentos arrepiantes, tanto pela encenação preciosista quanto por alguns momentos perturbadores de tensão. Serio: é tão comum nos sentirmos assim numa sala de cinema nos últimos tempos?

quarta-feira, janeiro 23, 2013

O último desafio, de Kim Jee-woon ***


O encontro entre o diretor sul-coreano Kim Jee-woon e o astro Arnold Schwarzenegger fazia com que as expectativas para “O último desafio” (2013) fossem consideráveis. Afinal, o mencionado cineasta traz em sua filmografia expressivas produções como “Medo” (2003), “O gosto da vingança” (2005) e “Os invencíveis” (2008), enquanto Schwarzenegger voltava a protagonizar um filme após vários anos se dedicando a política. Apesar do resultado final ficar um tanto aquém de seus indícios promissores, “O último desafio” ainda consegue se revelar um produto acima da média. Je-woon se mostra um tanto preso a determinadas convenções formais e temáticas, típicas de uma grande produção de Hollywood, mas em algumas seqüências a sua criatividade consegue vir à tona, principalmente em algumas cenas de ação, evocando um pouco daquela mistura alucinada de violência cartunesca, ironia e pastiche de faroeste (coisa que ele já tinha feito de forma ainda mais ousada em “Os invencíveis”). Já em relação a Schwarzenegger, prevalece uma sensação de que sua figura poderia ter sido melhor aproveitada, ainda que em algumas cenas ele revele algo daquela presença de cena marcante típica dos seus anos de auge comercial e artístico.

segunda-feira, janeiro 21, 2013

Jack Reacher - O último tiro, de Christopher McQuarrie **1/2


Na aparência inicial, um filme como “Jack Reacher – O último tiro” (2012) até teria intenções mais que louváveis: a de resgatar a estética violenta e casca grossa das produções policiais dos anos 80 (além, é claro, de render para Tom Cruise mais uma franquia rentável). O grande detalhe, entretanto, é que Christopher McQuarrie não é Walter Hill ou John McTiernan, e Cruise está longe de ter o carisma ideal para fazer um protagonista durão (ainda que Michael Mann tenha extraído dele um desempenho antológico como um frio pistoleiro na obra-prima “Colateral”). A abertura do filme até engana: muito bem fotografada e editada, com tensa trilha sonora na medida certa, a seqüência mostra de forma detalhada e angustiante toda a preparação para um massacre de civis por um franco-atirador. A boa impressão inicial se esvai quando o personagem-título entra em cena, com a obra descambando para uma narrativa genérica e sem personalidade. Por vezes, há algum sopro de vida, principalmente pela boa encenação de uma perseguição automobilística. Mas o que predomina mesmo é tom burocrático e sem inspiração da direção de McQuarrie, além de umas das atuações mais inexpressivas da carreira de Cruise.

sexta-feira, janeiro 18, 2013

Porto dos mortos, de Davi de Oliveira Pinheiro



Muito do que virá nos parágrafos abaixo vem de mails que troquei com amigos, conversando sobre “Porto dos mortos” (2008). Dei uma certa editada, mas preferi manter o tom mais coloquial da correspondência.

Uma coisa que admiro muito no filme é que o Davi soube construir uma atmosfera, um clima de suspense, no sentido de haver um crescendo de situações que levam a um clímax de ação ou de violência. Claro que essa construção, às vezes, não é 100% - em alguns momentos, as coisas ficam meio arrastadas. Isso não quer dizer, entretanto, que se trata de um filme hermético ou cabeça, como muito andou se propagando. O que talvez tenha irritado algumas pessoas que viram o filme (de acordo com observações que colhi na internet) é que o filme não seja tão direto (no sentido de ser um filme de zumbi tradicional) ou caia numa paródia. Algumas seqüências são efetivamente assustadoras, principalmente aquela da menina que entra num local onde há três zumbis. Aquilo ali tem um puta clima de horror mesmo.

O roteiro tem uma certa impressão de atirar para todos os lados: há elementos de filme de zumbi, de filmes de possessão, de produções apocalípticas na linha Mad Max, até daqueles de ataques mentais (no estilo de algumas obras do Cronenberg – de certa forma, remete à “Combate”, curta anterior do próprio Davi), e até um pouco de uma verborragia típica de produções independentes norte-americana (a grosso modo, meio na linha dos primeiros filmes do Kevin Smith). Acho que essa profusão de referências tira o filme do lugar comum, pois abre espaço para muitas situações inusitadas, e que em boa parte das vezes funcionam. Aliás, gosto dos diálogos do filme. Eles fogem do naturalismo fácil, e partem para um lado mais icônico, meio simbólico.

A fotografia do filme representa um trabalho ousado e bem feito. Tem movimentos de câmera e enquadramentos criativos, a iluminação busca uns tons que fogem do habitual, dá para perceber um cuidado especial na concepção visual em geral. Acho muito interessante a disposição dos atores e objetos em cenas, no sentido de posicionamento mesmo, dá para sentir que teve uma preocupação em dar até uma dimensão épica/barroca para a coisa toda.

Trabalho de trucagem muito eficiente, parabéns para o Kapel, é raro a gente ver cenas de ação com tiroteio que sejam convincentes.

A famigerada questão da dublagem: acho que o que era uma limitação técnica (a falta de condições de ter uma captação de som razoável) acabou funcionando como um belo truque estético de “Porto dos mortos”. A dublagem acentua o lado de estilização forte que o filme tem e valoriza os diálogos do roteiro. E não considero um “defeito” essa variação de percepção de quando é dublado ou não. Na realidade, boa parte das produções italianas e brasileiras até metade dos anos 80 se valia de dublagens e isso não era um fator impeditivo para apreciação dos filmes. Por vezes, essa “limitação” até possibilitava vôos criativos para os filmes (e que é o que acontece no filme do Davi). Além da questão da dublagem, considero que o trabalho de edição de som do filme é muito bom, é só ver, por exemplo, o barulho que aquele carro faz, o negócio fica ressoando na cabeça.

Sobre o elenco, no geral, o desempenho é eficiente. O Rafael Tombini tem uma atuação muito interessante, pois a gente vê que ele é meio desajeitado para desempenhar um protagonista durão, mas essa falta de jeito justamente dá um certo charme para o personagem. No mais, o Álvaro Rosa Costa faz um bom trabalho, o guri metido a engraçadinho que leva um tiro na cabeça e a menina que faz o vilão estão muito bem no filme. E mesmo quando os atores não são muito expressivos, dá para perceber que eles conseguem ter uma presença de cena razoável (como o japonês do início, o cara do arco e flecha e aquele outro que fica tocando aquela flautinha).

quinta-feira, janeiro 17, 2013

Stan Lee: Mutantes, monstros e quadrinhos, de Scott Zakarin **1/2


Em termos formais, “Stan Lee: Mutantes, monstros e quadrinhos” (2002) é um documentário que não traz ousadias formais, obedecendo a uma estrutura convencional na sua estrutura narrativa de ficar centrado nos depoimentos do veterano roteirista de quadrinhos. Mas a verdade é que o público desse filme não o verá na expectativa de assistir a experiências estéticas ou afins – o que se quer mesmo é ver o velho Stan falar. E dentro desse objetivo, a produção mais do que cumpre seus objetivos. Stan Lee mistura didatismo, bom humor e paixão ao dissecar tanto sua trajetória profissional como a gênese e o desenvolvimento de suas principais criações (Homem-Aranha, Quarteto Fantástico, Homem de Ferro, Thor, Hulk, X-Men, entre outros). Ele sabe muito bem do potencial de tais personagens e explicita as razões do seu sucesso – por mais poderosos que tais super-heróis possam ser, no seu âmago eles sempre trarão alguma espécie de fragilidade que os torna tão humanos a ponto de criarem uma forte identificação com o público leitor. Além disso, o filme consegue oferecer uma visão bastante realista do impacto mercadológico e cultural que o universo concebido por Stan Lee causou no mundo dos quadrinhos. O diretor Scott Zakarin também acerta ao escolher como entrevistador de seu protagonista o cineasta Kevin Smith, um emérito fissurado por HQs e que consegue extrair de seu entrevistado uma série de informações fascinantes. Ou seja, para os apreciadores de “comics” e cultura popular em geral, “Stan Lee: Mutantes, monstros e quadrinhos” acaba se configurando como um programa obrigatório.

quarta-feira, janeiro 16, 2013

As vantagens de ser invisível, de Stephen Chbosky ***1/2


Numa primeira impressão, pode-se dizer que “As vantagens de ser invisível” (2012) faz parte daquele tipo de filme que nos últimos tempos praticamente se converteu num gênero – aquelas produções indies que pretendem retratar as relações humanas de forma mais realista, mas tendo por embalagem um jeitão pop, cheio de referências e citações culturais de um universo um tanto específico. Colocar essa produção dirigida por Stephen Chbosky dentro dessa classificação, entretanto, seria um reducionismo. Não que o filme não traga alguns desses elementos, mas a sua pretensão artística é bem mais ampla e interessante. E mesmo tais elementos adquirem um sentido especial na narrativa. Para começar, o roteiro traz um sofisticado jogo de inversão de perspectiva. O protagonista Charlie (Logan Lerman) é um jovem introspectivo e de ambições literárias. Enxergamos a trama do filme pelo seu olhar, e essa visão é a de um pretenso romancista. Nesse contexto, o que se passa aos nossos olhos é uma espécie de crônica de costumes tanto de uma família típica classe média quanto de uma juventude. Não é a toa que em determinada passagem um professor de Charlie lhe recomenda “O grande Gatsby” de F. Scott Fitzgerald para ler – Fitzgerald era um exímio dissecador dos costumes dos novos ricos do início do século XX. Esse paralelo com a literatura traz um dos aspectos mais inquietantes de “As vantagens de ser invisível” – o filme traz uma ambientação atemporal, em que não se consegue precisar com exatidão a época em que se desenrola (pode ser tanto nos final dos anos 90 como em parte desse novo milênio). A brilhante utilização de uma trilha sonora cancioneira realça essa impressão de algo fora do tempo e do espaço, e reforça que a visão de Charlie carrega forte conotação conceitual e por vezes idealizada, em que os comportamentos diferenciados de seus amigos e colegas parecem refletir uma gama complexa de sentimentos e atitudes. Só que a condição de observador do protagonista aos poucos vai se esfacelando, colocando-o em situações limites e também expondo seus demônios interiores. Essa transformação da postura do personagem principal dá uma dimensão artística e humana desconcertante para “As vantagens de ser invisível”, mostrando que o filme tem um alcance universal muito maior que aquela catalogação “indie” mencionada no início desse texto.

terça-feira, janeiro 15, 2013

A vida útil, de Federico Veiroj ***


O cineasta uruguaio utiliza uma estética ambígua em “A vida útil” (2011). Inicialmente, ele adota um rigor formal quase documental em sua trama fictícia que se desenvolve no ambiente da Cinemateca de Montevidéu. A sóbria fotografia em preto e branco realça um ambiente de melancolia e decadência na rotina da instituição. Os funcionários da cinemateca são interpretados por gente que trabalha realmente lá, inclusive por seu programador e pelo crítico de cinema Jorge Jellinek (esse último no papel de protagonista), revelando mais um traço de uma influência neo-realista. Aos poucos, entretanto, essa ambientação mais naturalista se abre para uma abordagem diversa, que vai revelando uma viagem de Veiroj e seu principal personagem por elementos caros ao imaginário cinematográfico, com claras referências ao cinema mudo e ao expressionismo. Há um esmerado trabalho visual de claro e escuro em termos de enquadramentos e iluminação, assim como a trilha sonora revela citações a temas grandiosos, mesmo que às vezes esse tom épico não esteja de acordo com o tom cotidiano da trama. Esses contrastes provocam uma sensação de desconcerto e fascinação para o espectador, jogado “A vida útil” para além do lugar comum.

segunda-feira, janeiro 14, 2013

A viagem, de Lana Wachowski, Andy Wachowski e Tom Tykwer ***1/2


A união dos irmãos Wachowski com o cineasta alemão Tom Tyker em “A viagem” (2012) não é gratuita. Tanto os brothers quanto o germânico se consagraram nos anos 90 com obras referenciais onde procuravam estabelecer novos parâmetros para o gênero ação (os primeiros com a trilogia “Matrix” e o segundo com “Corra, Lola, corra”). Os Wachowski, mesmo operando dentro de produções blockbuster, sempre procuraram colocar elementos que beiravam a vanguarda dentro de suas encenações repletas de trucagens, enquanto Tykwer inseria sutilmente toques experimentais em meios a obras de estruturas clássicas. Em “A viagem”, eles retomam essa veia com resultados bastante estimulantes. O filme pode causar em certo bode por alguns momentos sentimentais em demasia, principalmente pelo uso ostensivo da trilha sonora exagerada. O que prevalece, entretanto, é uma narrativa repleta de seqüências de deslumbramento visual, tanto na estilizada recriação de época nas cenas situadas no passado quanto nos criativos efeitos especiais e na ação desvairada dos trechos que se desenvolvem num futuro nebuloso. Para a platéia, pode ser desconcertante uma obra em que cinema de época e ficção científica se colidem sem cerimônia, aliados a inesperadas referências cômicas e absurdas, mas essa junção é orgânica, principalmente pelo roteiro que realça a tenuidade da ligação desses momentos históricos da trama: o que une as diversas histórias são elementos frágeis, quase aleatórios, e que seduz justamente por não se prender a recursos óbvios de ter de explicar todas as pontas soltas do roteiro.

sexta-feira, janeiro 11, 2013

Paris-Manhattan, de Sophie Lellouche **1/2


A obra de Woody Allen não se presta apenas a análises sobre seus méritos cinematográficos. Seus filmes também servem como uma espécie de atestado de intelectualidade de seu público. É aquela coisa: “Não gosto de blockbusters, estou acima disso tudo, gosto mesmo é do Woody Allen”. Não é de graça que Allen é tão cultuado entre os franceses. Partindo desses preceitos, a diretora Sophie Lellouche constrói “Paris-Manhattan” (2011), uma brincadeira/homenagem com o imaginário que ronda o célebre diretor nova-iorquino. O filme traz muito da verborragia típica dos franceses, bem como uma abordagem mais realista dos relacionamentos humanos, mesmo que a produção se formate dentro do gênero comédia romântica. Mas a aproximação que faz com o cinema de Allen é superficial, o que não deixa de ser um reflexo da própria forma com que a protagonista Alice (Alice Taglioni) encara a cinematografia do cineasta em questão, de quem é fã. Assim, mesmo com Allen tendo uma participação especial interpretando a si, “Paris-Manhattan” está longe de ter a mesma verve ácida das melhores comédias do diretor homenageado, mas não deixa de ser uma produção curiosa capaz de despertar algum interesse.

quinta-feira, janeiro 10, 2013

007 - Operação Skyfall, de Sam Mendes ***1/2


Qualquer filme da franquia de James Bond sempre vai suscitar vários tipos de interpretações, indo do cinematográfico até o sociológico. Com “007 – Operação Skyfall” (2012) isso não está sendo diferente. Em resumo, tem-se dito que esse capítulo dirigido por Sam Mendes representaria a completa dissociação do tradicional James Bond da época de Sean Connery, com aquela habitual dose de cinismo elegante, o que representaria uma espécie de traição ao personagem. A verdade, entretanto, é que não daria para fazer um filme da série como se estivéssemos nos anos 60 sob pena de cair na paródia estilo Austin Powers– o contexto político/social/comportamental é bastante diverso do daquela época. É claro que o Bond de Daniel Craig está muito mais para um 007 estilo Dirty Harry, além do roteiro de “Operação Skyfall” trazer uns psicologismos freudianos um tanto fajutos que se levam demasiadamente a sério. Mas é em determinados detalhes que o filme ganha uma dimensão antológica. As cenas de ação são exageradas, mas precisas, sem apelar para modernices estéreis de câmeras tremidas e estilo “borrão”. A direção de fotografia aproveita ao máximo as possibilidades criativas que os habituais cenários exóticos da série oferecem, trazendo cenas de uma riqueza visual impressionante. E para complementar, Javier Barden no papel de vilão oferece uma caracterização inesquecível ao combinar canastrice gay e um lado grotesco assustador. No final das contas, é evidente que “007 – Operação Skyfall” não se enquadra entre as grandes obras-primas da franquia, mas mesmo assim é um produto bastante acima da média no que se faz atualmente no gênero aventura/ação.

quarta-feira, janeiro 09, 2013

Gonzaga - De pai para filho, de Breno Silveira **1/2


Dentro da trilogia do diretor Breno Silveira tendo como temática ícones da música popular brasileira, “Gonzaga – De pai para filho” (2011) é a obra melhor resolvida. Por um lado, tanto Luiz Gongaza quanto Gonzaguinha são músicos muito mais relevantes e de perfil mais complexo do que os “breganejos” Zezé Di Camargo e Luciano. Assim, a saga deles tem mais substância dramática que o simples elogio ao arrivismo de “Os dois filhos de Francisco” (2005). Por outro, Silveira dosa melhor o seu habitual sentimentalismo excessivo, conseguindo estabelecer uma narrativa mais equilibrada, além de estabelecer melhor as nuances humanas dos relacionamentos entre os personagens, principalmente entre a dupla de protagonistas. Nesse sentido, o cineasta mostra certa sensibilidade ao conseguir também delimitar dentro do conflito entre Gonzagão e Gonzaguinha um antagonismo que se estende ainda para as suas concepções artísticas diversas, em que o baião e o forró irônico e malicioso do pai se confrontam com os sambas e baladas engajados e ácidos do filho. É claro que o filme se ressente de uma estrutura por vezes superficial e episódica, o que atenua consideravelmente o potencial dramático da obra. Sorte da produção que parte dessa força é resgatada pela visceral atuação de Júlio Andrade, que ao interpretar Gonzaguinha consegue fazer uma síntese extraordinária entre aquele espírito malaco do cantor/compositor e a sua intelectualidade refinada.

terça-feira, janeiro 08, 2013

Os candidatos, de Jay Roach **1/2


A ideia inicial é boa: uma comédia que tira um sarro do processo eleitoral norte-americano, tendo Will Ferrell como um dos protagonistas. O resultado final de “Os candidatos” (2012), entretanto, fica aquém das expectativas promissoras. É claro que dá para sentir nos preceitos da trama e em algumas sequências do filme uma visão crítica e irônica das hipocrisias típicas da sociedade norte-americana (e ocidental por consequência). O problema é que o diretor Jay Roach acaba sendo uma escolha muito comportada para encarar essa empreitada. A obra exigia uma pegada mais alucinada e ácida. Até que em alguns poucos momentos o tom do grotesco absurdo prevalece, principalmente quando Ferrell está em cena (a cena que ele desfere um murro num bebê é uma pérola do humor politicamente incorreto), mas no geral é dominante uma narrativa esquemática e genérica. Além disso, ter Zach Galifianakis como o antagonista de Ferrell não ajuda muito as coisas – sua habitual afetação consegue ser mais irritante do que engraçada.

segunda-feira, janeiro 07, 2013

Detona Ralph, de Rich Moore ****



Encarado pela maioria das pessoas apenas como um entretenimento marcado pela lógica comercial, o universo dos games eletrônicos é marcado por questões contraditórias e fascinantes. Uma delas é que por mais que um jogo possa ser interessante e popular, seu destino, quase sempre, será o ostracismo devido aos constantes avanços tecnológicos e também pela necessidade do mercado de lançar novidades para um ávido público consumidor. Assim, é normal que após um tempo sejam jogados em um limbo de esquecimento, fazendo que mundos e personagens simplesmente se tornem uma vaga lembrança no imaginário dos apreciadores dos games. Por outro lado, a ênfase em notícias sobre a margem de faturamento desses jogos pode fazer esquecer que na gênese deles, por parte de seus respectivos criadores, há uma preocupação com a estética e mesmo com a coerência temática na criação de figuras e ambientes.

Toda essa breve digressão sobre os video games serve para tentar explicar como a animação “Detona Ralph” (2012) pode causar comoção tanto por um certo caráter nostálgico como por algumas reflexões que possa causar. O aludido conceito da descartabilidade é muito bem trabalhado nessa produção da Disney, no sentido que a trama dá a entender que o maior medo das criaturas que habitam as máquinas de um fliperama é justamente cair no esquecimento por parte dos jogadores que com elas se divertem. Não à toa, os jogos que são desativados provocam o desemprego dos personagens, transformando os personagens em mendigos (o que poderia até se encarado como uma metáfora à recessão econômica que castiga os Estados Unidos e a Europa na atualidade). É claro que por se tratar de uma produção que na sua origem é voltada por o público infantil, “Detona Ralph” não é uma obra de natureza sombria ou depressiva. Mesmo com esse subtexto questionador, o diretor Rich Moore estabelece uma narrativa empolgante e bem humorada, com direito a seqüências de aventura de encher os olhos.

Aliás, o apuro nas concepções formais de Moore estabelece uma outra espécie de comentário temático. Quanto o protagonista Ralph transita entre os jogos, partindo de uma espécie de emulação do ingênuo e básico “Donkey Kong”, passando por algo no estilo do violento e de grafismo bem detalhado “Call of Duty” e chegando num game marcado por personagens e visual entre o fofinho e o psicodélico (algo como um “Mário” mais doidão), é como se o filme estabelecesse a evolução e diferenciação estéticas no universo dos games, evidenciando as sutis diferenciações de estilização nesse campo, caracterizando-o também (e por que não?) como arte.

sexta-feira, janeiro 04, 2013

Joy Division, de Grant Gee ***1/2


A relação da banda Joy Division com o cinema não chega a ser novidade. Os extraordinários “A festa nunca termina” (2002) e “Control” (2007) são recriações dramáticas da breve e conturbada trajetória da fundamental banda pós-punk que marcou a virada dos anos 70 para os 80. O documentário simplesmente intitulado “Joy Division” (2007) mostra que o mito de Ian Curtis e companhia sempre é inesgotável na sua capacidade de despertar interesse e gerar reflexões. É claro que o filme se centra nos aspectos biográficos da banda e de seus integrantes, utilizando bastante o recurso de depoimentos. O valor da obra, entretanto, vai muito além do mero didatismo histórico. Para começar, há uma abundância generosa de raras cenas de arquivo de shows e gravações, compondo um mosaico fascinante que tanto oferece mais informações sobre um grupo tão envolto em mistérios quanto realça esse aspecto mítico. Também é interessante que a produção traça um paralelo sobre a origem, a ascensão e o abrupto término do Joy Division com a evolução da cidade natal da banda, Manchester. Se no surgimento do grupo a cidade se apresentava como influência capital na sua música depressiva e desesperada por representar um ambiente em violenta crise econômica e social, com uma paisagem cinzenta repleta de prédios velhos e sem opções de lazer, a projeção tanto do Joy quanto da sucessora New Order ajudou a Manchester a se tornar uma referência cosmopolita para o cenário cultural ocidental moderno.

quinta-feira, janeiro 03, 2013

O impossível, de Juan Antonio Bayona ***


Há uma esquizofrenia em “O impossível” (2012) – por um lado, temos um lacrimoso drama familiar repleto de sentimentalismo excessivo e trilha sonora melosa e grandiosa tocada de forma incessante; por outro, há uma obra prodigiosa em termos de trucagens e violência gráfica explícita ao recriar o episódio do devastador tsunami que afligiu a Tailândia em 2004. É quase como se houvesse dois filmes diferentes dentro de um só. Pode-se dizer que o fator emocional da produção, com direito a muitas lições de vida sobre perseverança e união familiar, conquiste parte das platéias, mas a obra se torna realmente memorável nas seqüências de destruição e brutalidade da invasão das águas, que impressionam pela qualidade da encenação e da fotografia. Nesses momentos, o cineasta estabelece um cinema que beira o sensorial, enfatizando detalhes significativos como o barulho das ondas e a visão caótica de um mundo desabando. E mostra, por consequência, que essa parte “técnica”, que muitos teóricos e críticos gostam de mostrar como algo periférico, representa a própria essência do cinema. Ou vão dizer que o roteiro genérico de “O impossível” é que faz a diferença??

MELHORES FILMES DE 2012




O critério primordial para os filmes que estão neste Top 25 é de que sejam produções que tenham estreado no circuito comercial de cinemas de Porto Alegre no ano de 2012.

1) Drive, de Nicolas Winding Refn.
2) John Carter: Entre dois mundos, de Andrew Stanton.
3) 13 assassinos, de Takashi Miike.
4) Fausto, de Alexander Sokurov.
5) Os infratores, de John Hillcoat.
6) Moonrise Kigdom, de Wes Anderson.
7) Precisamos falar sobre o Kevin, Lynne Ramsay.
8) A febre do rato, de Cláudio Assis.
9) O espião que sabia demais, de Tomas Alfredson.
10) As aventuras de Tintim – O segredo do Licorne, de Steven Spielberg.
11) Pina, de Wim Wenders.
12) Frankenweenie, de Tim Burton.
13) Prometheus, de Ridley Scott.
14) Os homens que odiavam as mulheres, de David Fincher.
15) A invenção de Hugo Cabret, de Martin Scorsese.
16) Heleno, de José Henrique Fonseca
17) Projeto X, de Nima Nourizadeh
18) Luz nas trevas, de Helena Ignez e Icaro C. Martins
19) Cosmópolis, de David Cronenberg
20) As vantagens de ser invisível, de Stephen Chbosky
21) Flores do Oriente, de Zhang Yimou
22) A toda prova, de Steven Soderbergh
23) Os vingadores, de Joss Whedon
24) O homem da máfia, de Andrew Dominik
25) Argo, de BenAffleck

Menções honrosas: filmes que vi nos cinemas no ano de 2012 e certamente estariam na lista acima, mas que foram vistos em festivais de cinema, ou seja, fora do circuito comercial das salas de Porto Alegre. Dentro de tal conceito, foram destaques as seguintes produções:

- Enter The Void, de Gaspar Noé (Festival Internacional de Cinema de Montevidéu)
- Essential Killing, de Jerzy Skolimowski (Festival Internacional de Cinema de Montevidéu)
- O alvo, de Alexander Zeldovich (FANTASPOA)

quarta-feira, janeiro 02, 2013

Atividade paranormal 4, de Henry Joost e Ariel Schulman **1/2


A estética apresentada nas duas primeiras partes da franquia “Atividade paranormal” já havia apresentado um desgaste. Não daria para simplesmente apostar na mesma fórmula nas produções seguintes. Os diretores Henry Joost e Ariel Schulman tiveram essa percepção e em “Atividade paranormal 3” (2011) apresentaram algumas novidades saudáveis para a série. Apesar de ainda utilizar aquele formato de falso vídeo amador, com predomínio exclusivo de uma câmera subjetiva, o filme demonstrava um apuro formal mais cuidadoso, assim como buscava estabelecer uma trama mais consistente em seus elementos dramáticos. O resultado foi o melhor filme disparado da série. Joost e Schulman adotaram essa mesma abordagem em “Atividade paranormal 4” (2012). Apesar do resultado não ser tão animador quanto na produção anterior, é inegável que a dupla de cineastas conseguiu estabelecer um padrão de qualidade razoável, afastando um pouco daquela pecha de mera curiosidade marqueteira que fazia a má fama da série. Se bem que se pode ficar com aquela impressão que certos detalhes de roteiros e a própria qualidade das trucagens poderiam ter sido melhor aproveitados ou trabalhados.