Apesar de não o mesmo prestígio artístico de seu irmão Ridley, Tony Scott parece ter criado escola no gênero ação. Para o bem e para o mal... “Protegendo o inimigo” (2012) se mostra como um bom exemplar de tal linhagem. O diretor Daniel Espinosa recicla algumas das principais características do cinema de Tony Scott: a direção de fotografia de tons granulados, a ação vertiginosa, a montagem de bastantes cortes. Não incorpora, contudo, a tendência para o “clipeiro”, coisa que incomoda em algumas das obras de Scott. A trama de “Protegendo o inimigo” é aquela síntese básica de produções de espionagem: traições, conspirações, dissimulações. Espinosa sabe dosar os clichês e manter uma atmosfera razoável de tensão. Por mais que a edição seja frenética, consegue manter a clareza de sua encenação – pode-se ver todos os detalhes das lutas, perseguições e tiroteios. Até mesmo na direção de atores revela talento – há quanto tempo não se via uma atuação decente de Ryan Reynolds?? Nem sei se Espinosa admite alguma influência de Scott, mas o britânico ficaria orgulhoso do discípulo...
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
segunda-feira, março 26, 2012
sexta-feira, março 23, 2012
Guerra é Guerra, de McG **1/2
O início de “Guerra é Guerra” (2012) é meio desanimador. O diretor McG parece se propor a fazer um pastiche de filmes de espionagem, reciclando vários clichês da franquia 007. O problema não estaria na intenção, mas sim na execução: a dupla de protagonistas (Tom Hardy e Chris Pine) parece mais disposta a fazer biquinho e dizer umas frases de efeito capengas, enquanto as cenas de ação são mal dirigidas (tudo muito rápido, mal se distingue o que está ocorrendo em cena). Com o desenrolar da trama, entretanto, o filme melhora. Sai aquela impressão de filme de espionagem de mentirinha, com o roteiro explorando umas tiradas interessantes da relação de obra de aventura e comédia romântica. Os mencionados personagens principais até ganham um relativo carisma. A própria ação fica melhor encenada – McG se permite até algumas tomadas interessantes de planos-sequência (como aquela em que a dupla de espiões invade ao mesmo tempo e de forma sorrateira o apartamento da mulher que disputam). Já o terço final do filme é aventura frenética incessante, de concepção um tanto derivativa, mas que redime McG da equivocada abertura do filme.
quinta-feira, março 22, 2012
Margin Call - O dia antes do fim, de J.C. Chandor ***
Se o documentário “Trabalho Interno” (2010) trazia uma versão mais técnica e detalhada sobre os motivos que levaram à crise econômica de 2008 nos Estados Unidos (e que se espalhou pelo resto do mundo e estende seus efeitos até hoje), “Margin Call – O dia antes do fim” (2011) é a versão dramatizada de tais fatos, mas se desenvolvendo no microcosmo do escritório de um grande banco. É claro que a pretensão da obra de J.C. Chandor não é ser didática sobre uma situação histórica tão importante, mas os eventos também não servem como mero pano de fundo para o drama dos personagens. E mesmo sendo uma obra ficcional em essência, por um lado ela é até se aprofunda mais no tema do que o próprio “Trabalho Interno” no sentido de não ser tão maniqueísta e por focar com mais eficácia no lado humano. Se o referido documentário e “Capitalismo – Uma história de amor” (2009), de Michael Moore, investem numa lógica de culpar quase que exclusivamente bancos, o governo e outros agentes financeiros como responsáveis pela crise, em “Margin Call” percebe-se que o furo é mais embaixo – a tragédia econômica também tem origem numa sociedade obcecada com consumo, status social e hedonismo. O filme parece relacionar a crise a um vazio existencial coletivo. Os bem delineados dilemas morais dos personagens do filme refletem com precisão tal visão temática.
quarta-feira, março 21, 2012
Projeto X - uma festa fora de controle", de Nima Nourizadeh ***1/2
terça-feira, março 20, 2012
Shame, de Steve Mcqueen ****
No mais, “Shame” se mostra em sintonia com o filme anterior de McQueen, “Fome” (2008), outra produção de evidente inquietação artística, o que já sugere uma espécie de unidade autoral na curta e expressiva filmografia do cineasta.
segunda-feira, março 19, 2012
As Mulheres do 6º Andar, de Phillippe Le Guay **
sexta-feira, março 16, 2012
W.E. - O Romance do Século, de Madonna ***
quinta-feira, março 15, 2012
O Pacto, de Roger Donaldson ***
quarta-feira, março 14, 2012
Cada um tem a gêmea que merece, de Dennis Dugan **1/2
terça-feira, março 13, 2012
Anjos da Noite 4: O Despertar, de Mans Marlind e Bjorn Stein **
segunda-feira, março 12, 2012
Drive, de Nicolas Winding Refn ****
Em suas vigorosas obras anteriores, como “Bronson” (2008) e “Guerreiro Silencioso” (2009), Refn chamou atenção por suas idiossincrasias formais e por roteiros repletos de simbologias. Em “Drive”, seu estilo particular se mostra mais descarnado, buscando uma aproximação de uma certa estética clássica do cinema norte-americano. Isso não quer dizer, entretanto, uma aproximação do convencional. Refn continua ousado e a depuração de sua arte torna o resultado final ainda mais surpreendente. Esse classicismo insólito do diretor fica evidente no próprio roteiro de “Drive”, que emula em determinadas passagens alguns elementos do antológico faroeste “Os Brutos Também Amam” (1953). Lá estão o misterioso e nobre protagonista de passado obscuro (e do qual nunca saberemos nada), sua aproximação com uma família em dificuldades com bandidos, seu sacrifício em busca de uma involuntária redenção, a indefinição do seu destino final. Os vilões de “Drive” também trazem algo do homem de negro encarnado por Jack Palance, naquela estranha combinação de frieza, repulsa e carisma.
A exemplo da aludida sequência inicial, toda a ação em “Drive” é construída com sutileza e de forma progressiva. Refn define situações e personagens com rápidas e precisas pinceladas para depois jogá-los num vórtice de violência e destruição. A brutalidade, contudo, nunca é gratuita e caricatural. Ela irrompe de forma econômica, mas contundente, com direito a belas tomadas em câmera lenta em algumas cenas (aqui revelando a influência de outra fonte icônica do cinema, o “poeta da violência” Sam Peckimpah) – impossível não mencionar como ilustração a seqüência do elevador, que começa de forma suave e romântica no beijo entre o motorista e Irene (Carey Mulligan) e termina num sangrento espancamento de um assassino. Aliás, uma cena de valor simbólico notável – é quando o próprio “driver” constata a impossibilidade de uma vida normal para si.
Ainda sobre a elaboração da ação cinematográfica, Refn se mostra obcecado em esmiuçar as formas com que esta ação pode ser encenada. Se em algumas cenas há sangue jorrando de forma explícita e cabeças explodindo, em outros o diretor se interessa em focar a ação de longe ou até mesmo filmar apenas as sombras dos personagens. É de impressionar também quando ele funde dois momentos distintos de uma ação dentro da mesma seqüência, numa extraordinária manipulação dos tempos narrativos.
E não bastasse todas as qualidades já mencionadas, Refn revela um notável trabalho na direção de seu elenco. Ryan Gosling faz uma composição dramática cheia de nuances – vai do taciturno até lampejos de esperanças no olhar para concluir em um registro pleno de melancolia e fúria. Já Albert Brooks e Ron Perlman interpretam “homens maus” devidamente cínicos e assustadores e que definem com precisão sua personalidades ora em pequenos gestos irônicos, ora em descargas imprevisíveis de ferocidade física.
sexta-feira, março 09, 2012
Poder Sem Limites, de Josh Trank ***1/2
quinta-feira, março 08, 2012
Tão Forte e Tão Perto, de Stephen Daldry **1/2
terça-feira, março 06, 2012
Hotxuá, de Letícia Sabatella e Gringo Cardia **1/2
segunda-feira, março 05, 2012
Hiroshima - Um Musical Silencioso, de Pablo Stoll **1/2
sexta-feira, março 02, 2012
A Mulher de Preto, de James Watkins ***
P.S.: em determinada cena, em que um grupo de crianças fica mirando o personagem de Daniel Radcliffe com olhares esbugalhados, tive a clara impressão que elas estavam prontas para dizer “olha lá o Harry Potter!!”.