O uso da tecnologia 3D em “A Invenção de Hugo Cabret” (2011) encontra uma ressonância na própria trama do filme. Afinal, ao abordar a figura de George Méliès, o diretor Martin Scorsese faz uma profissão de fé do referido recurso técnico como uma evolução natural para o cinema, no sentido de que esse é um meio de expressão visual em sua essência. Para os detratores do 3D, aqueles que dizem que o que importa é “uma boa história”, tal posição de Scorsese pode parecer heresia. Em um dos momentos mais expressivos de “Hugo Cabret”, enfatiza-se o detalhismo de Méliès na elaboração das trucagens de suas produções. O esmero na encenação por parte de um dos mais célebres pioneiros do cinema era mais que natural para alguém que havia se notabilizado inicialmente como hábil ilusionista. E no final das contas, não seria o cinema uma espécie de arte da ilusão? E não seria o 3D mais uma etapa na elaboração de tal ilusão?
Mas deixando um pouco de lado as digressões e teorias, “A Invenção de Hugo Cabret” é um dos filmes recentes que melhor exploram as possibilidades do 3D. A tecnologia em questão enfatiza com brilho as nuances dos efeitos especiais, configurando o ponto alto da obra que é a arrebatadora beleza plástica de algumas cenas. Mas se o efeito imagético é o forte do filme, é na sua narrativa que se encontra o seu ponto fraco. O uso dos flashbacks e o tom didático de alguns momentos (principalmente naqueles em que se pretende “ensinar” o público sobre os primórdios do cinema) acabam quebrando um pouco a fluidez da narrativa, funcionando, às vezes, quase como entidades separadas da trama principal. Talvez a trama de tom convencional e de ares um tanto edificantes causem também um estranhamento para aqueles que estão acostumados com o tom pouco sentimental de outras obras dirigidas por Scorsese. Mesmo fugindo desse padrão, entretanto, o roteiro traz elementos fascinantes, principalmente por focalizar algumas sutilezas temáticas e históricas. Uma delas, por exemplo, são as citações literárias que a personagem Isabelle (Chloë Grace Moretz) faz, pois tais referências relacionam o cinema como uma conseqüência natural de outros meios de expressão como a própria literatura.
Mesmo não tendo a mesma concisão narrativa de outras obras de Scorsese, “A Invenção de Hugo Cabret” fascina por todas essas interpretações e visões que suscita, evidenciando a capacidade do veterano diretor norte-americano de ainda surpreender as platéias.
Mas deixando um pouco de lado as digressões e teorias, “A Invenção de Hugo Cabret” é um dos filmes recentes que melhor exploram as possibilidades do 3D. A tecnologia em questão enfatiza com brilho as nuances dos efeitos especiais, configurando o ponto alto da obra que é a arrebatadora beleza plástica de algumas cenas. Mas se o efeito imagético é o forte do filme, é na sua narrativa que se encontra o seu ponto fraco. O uso dos flashbacks e o tom didático de alguns momentos (principalmente naqueles em que se pretende “ensinar” o público sobre os primórdios do cinema) acabam quebrando um pouco a fluidez da narrativa, funcionando, às vezes, quase como entidades separadas da trama principal. Talvez a trama de tom convencional e de ares um tanto edificantes causem também um estranhamento para aqueles que estão acostumados com o tom pouco sentimental de outras obras dirigidas por Scorsese. Mesmo fugindo desse padrão, entretanto, o roteiro traz elementos fascinantes, principalmente por focalizar algumas sutilezas temáticas e históricas. Uma delas, por exemplo, são as citações literárias que a personagem Isabelle (Chloë Grace Moretz) faz, pois tais referências relacionam o cinema como uma conseqüência natural de outros meios de expressão como a própria literatura.
Mesmo não tendo a mesma concisão narrativa de outras obras de Scorsese, “A Invenção de Hugo Cabret” fascina por todas essas interpretações e visões que suscita, evidenciando a capacidade do veterano diretor norte-americano de ainda surpreender as platéias.