quinta-feira, dezembro 30, 2010

Top 25 Melhores da Década (2001 - 2009)



1) Kill Bill – Vol. 1, de Quentin Tarantino
2) Os Infiltrados, de Martin Scorsese
3) Old Boy, de Chan-Wook Park
4) Marcas da Violência, de David Cronenberg
5) Colateral, de Michael Mann
6) Rejeitados Pelo Diabo, de Rob Zombie
7) Cidade dos Sonhos, de David Lynch
8) Kill Bill – Vol. 2, de Quentin Tarantino
9) Miami Vice, de Michael Mann
10) Sangue Negro, de Paul Thomas Anderson
11) À Prova de Morte, de Quentin Tarantino
12) Munique, de Steven Spielberg
13) Sobre Meninos e Lobos, de Clint Eastwood
14) Império dos Sonhos, de David Lynch
15) O Homem Que Não Estava Lá, de Ethan e Joel Coen
16) Contra a Parede, de Fatih Akin
17) A Proposta, de John Hillcoat
18) Inimigo Público nº 1 – Risco de Morte, de Jean-François Richet
19) Star Wars – A Vingança dos Sith, de George Lucas
20) Amantes, de James Gray
21) O Nevoeiro, de Frank Darabont
22) E Sua Mãe Também, de Alfonso Cuarón
23) Eleições, de Johnny To
24) O Aviador, de Martin Scorsese
25) Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, de Michel Gondry

Top 25 Melhores filmes de 2010



1) À Prova de Morte, de Quentin Tarantino
2) A Ilha do Medo, de Martin Scorsese
3) Vicio Frenético, de Werner Herzog
4) A Estrada, de John Hillcoat
5) Onde Vivem os Monstros, de Spike Jonze
6) Soul Kitchen, de Fatih Akin
7) O Escritor Fantasma, de Roman Polanski
8) Tropa de Elite 2 – O Inimigo é Outro, de José Padilha
9) O Profeta, de Jacques Audiard
10) Um Homem Sério, de Ethan e Joel Coen
11) A Rede Social, de David Fincher
12) Kick-Ass – Quebrando Tudo, de Matthew Vaughan
13) Guerra ao Terror, de Kathryn Bigelow
14) Vincere, de Marco Bellocchio
15) Atraídos Pelo Perigo, de Ben Affleck
16) Os Outros Caras, de Adam McCay
17) Sede de Sangue, de Chan-Wook Park
18) O Fantástico Senhor Raposo, de Wes Anderson
19) A Todo Volume, de Davis Guggenheim
20) A Fita Branca, de Michael Haneke
21) Coração Louco, de Scott Cooper
22) Você Conhecerá o Homem dos Seus Sonhos, de Woody Allen
23) Não Minha Filha, Você Não Irá Dançar, de Christophe Honoré
24) Aconteceu em Woodstock, de Ang Lee
25) A Origem, de Christophen Nolan

Enfim Viúva, de Isabelle Mergault *1/2


Partindo de uma estrutura formal convencional e pouco inspirada, era de se esperar que “Enfim, Viúva” (2008) apresentasse ao menos uma trama divertida, tendo em vista as premissas de seu roteiro. E justamente nesse ponto o filme termina por afundar de forma clamorosa ao deixar de explorar com mais ousadia elementos polêmicos ou difíceis que surgem no decorrer da narrativa como morte, adultério e relações familiares conturbados. A abordagem da diretora Isabelle Mergault é morna e reduz os conflitos do roteiro a meia dúzia de piadinhas amenas. Ou seja, “Enfim, Viúva” é a típica produção de falsa aparência “ousada”, mas que na verdade não quer ofender ninguém, além de trazer um suposto verniz “artístico” por ser falada em francês.

quarta-feira, dezembro 29, 2010

Vida Sobre Rodas, de Daniel Baccaro ***1/2


Fazer um documentário contando a história do skate no Brasil que não se dirija apenas a um público de iniciados do esporte e consiga manter o interesse de platéias diversas não é uma tarefa fácil. E é justamente o que o cineasta Daniel Baccaro conseguiu realizar em “Vida Sobre Rodas” (2010). Uma das grandes sacadas que ele teve para garantir a universalidade de seu filme foi relacionar a trajetória do skate com os momentos históricos do país. Assim, os primeiros passos do esporte em terras brasileiras (início da década de 80) correspondem também aos desejos de boa parte da sociedade nativa por novas manifestações culturais e comportamentais depois de anos de repressão e censura oriundas do regime ditatorial. As dificuldades dos skatistas em conseguir patrocinadores se relacionam com etapas de dificuldades econômicas para a nação. Uma divisão entre praticantes oriundos de classes sociais mais humildes e outros vindos de camadas de maior poder aquisitivo não deixam de refletir a própria divisão de classes no Brasil. Para compor esse mosaico histórico, Baccaro se valeu de depoimentos atuais e de uma ampla gama de imagens de arquivo, não só de redes de televisão como também de filmagens caseiras (muitas delas feitas por pais dos skatistas focados). Assim, alguns dos atuais multicampeões nacionais e internacionais do skate nacional têm apresentados os seus primeiros esforços no esporte (assim como seus primeiros tombos) e consequentes evoluções técnicas. Baccaro também focaliza com acerto o lado humano da questão, explorando tanto o lado irônico como o dramático da história pessoal dos maiores nomes do skate. E tudo isso embalado por uma trilha sonora cancioneira dos sonhos (boa parte da grana investida no filme deve ter sido para pagar direito autoral das músicas): Dead Kennedys, Sex Pistols, Agent Orange, Beastie Boys, Fugazi, New Order, Cure, Inocentes, Garotos Podres, entre outros.

terça-feira, dezembro 28, 2010

As Crônicas de Nárnia - A Viagem do Peregrino da Alvorada, de Michael Apted ***


O mais recente capítulo de “As Crônicas de Nárnia” representa um feito raro e notável no atual panorama cinematográfico no sentido de que deixa evidente que a cada filme da franquia há uma evidente evolução em termos artísticos. “A Viagem do Peregrino da Alvorada” (2010) traz elementos essenciais para uma obra de aventura: uma trama bem delineada com situações que levam ao desenrolar coerente de uma história, sem aquelas enrolações de fatos que parecem sempre preparativos para algo que está preste a ocorrer (mas que não se efetiva); concepção visual que oscila habilmente entre a simplicidade e a sofisticação, graças a um uso parcimonioso e eficiente de efeitos especiais; sequências de ação em que se consegue distinguir o que está acontecendo nas cenas. O veterano cineasta Michael Apted pode não ser especialmente criativo, mas sabe valorizar com competência as possibilidades formais oferecidas por um roteiro repleto de ação e sem muitos pontos mortos, não precisando apelar para aquelas ambientações pseudo-sombrias que apenas mascaram equívocos estéticos, como ocorreu recentemente nos frustrantes “Alice no País das Maravilhas” (de Tim Burton) e “Harry Potter e as Relíquias da Morte”.

segunda-feira, dezembro 27, 2010

A Sétima Alma, de Wes Craven *1/2


Wes Craven é aquele tipo de diretor que por mais que ele faça as suas bobagens sempre merecerá atenção. Afinal, é o cara que renovou, para o bem ou para o mal, o cenário do cinema de horror em pelo menos três momentos de sua carreira: “Feliz Aniversário Macabro” (1972), “A Hora do Pesadelo” (1984) e “Pânico” (1996). Assim, não há como não se decepcionar com “A Sétima Alma” (2010), sua produção mais recente. Não dá para dizer que é no mínimo uma obra polêmica, pois na realidade é apenas um requentado sem inspiração de ideias que já haviam sido melhores exploradas em outros filmes de Craven (principalmente em “A Hora do Pesadelo” e “Pânico”). Não há sequer uma nuance no roteiro que não resvale no formulaico mecânico, mas o pior mesmo é ver a incapacidade do diretor em criar alguma tensão para o espectador, mesmo trabalhando naquele já manjado truque de manter uma narrativa oscilando entre o real e o onírico (que falta faz um Freddy Krueger aqui...). Craven recorre também a uma modernosa edição estilo picotada, como se quisesse provar que está por dentro das atuais tendências do terror, mas o resultado é patético para quem costumava ditar as regras do gênero.

sexta-feira, dezembro 24, 2010

Tetro, de Francis Ford Coppola ***1/2


Tentar entender e apreciar “Tetro” (2009) pela consistência de seu roteiro representa deixar de se aventurar pelas verdadeiras qualidades do filme em questão (e são muitas). Para começar, o que Coppola faz em sua obra mais recente é cinema, e não literatura. A trama de “Tetro” parece composta de homenagens e referências a outras produções do próprio diretor. A essa altura do campeonato, e com tudo de bom que ele já fez pelo cinema, ele tem mais do que o direito de se auto-canibalizar. E ele faz isso com muita convicção e tesão. A fotografia preto-e-branco estilizada de forma magnífica, com direito a névoas que parecem ser quase palpáveis, traz à nossa mente o visual onírico sombrio de “O Selvagem da Motocicleta” (1983). Nos pequenos e fulgurantes trechos coloridos, que representam os momentos de flash back, parece que estamos vendo uma continuação do artificialismo esplendoroso de “O Fundo do Coração” (1982). A caracterização atemporal de bairros tradicionais de Buenos Aires reedita os cenários de puro imaginário de “Cotton Club” (1984) e novamente de “O Fundo do Coração” (o que mostra como esse último é uma obra chave para se entender as concepções barrocas de Coppola). Mas “Tetro” não se reduz a um manancial de citações estéreis. Tais aparentes reciclagem apenas reafirmam o estilo particular do diretor, além de receberem um tratamento voluptuoso na forma com que Coppola filma a sua saga familiar de tinturas quase novelescas. As cenas com os singelos jogos eróticos de Bennie (Alden Ehrenreich) e suas amigas, por exemplo, são uma tradução perfeita dessa natureza hedonista que emana do olhar da câmera do cineasta. E a cereja do bolo vem na interpretação de Vincent Gallo no papel-título, que dá uma dimensão épica e cheia de nuances para um personagem que a princípio teria apenas um fio de profundidade em seus conflitos.

quinta-feira, dezembro 23, 2010

Elza, de Izabel Jaguaribe e Ernesto Baldan ***


Fugindo das obviedades típicas de uma cinebiografia, “Elza” (2010) foca sua atenção sobre o significado da musicalidade da cantora Elza Soares, não revelando muito sobre dados históricos e pessoais da artista. Tal opção dos diretores Izabel Jaguaribe e Ernesto Baldan acaba tendo um resultado fascinante. Os vários depoimentos que são dados ao longo da produção fazem as tradicionais loas à figura da protagonista, mas também ressaltam com propriedade a importância dela para a música brasileira. A musicalidade mestiça de Elza, que faz com que não se possa rotular com facilidade a sua arte (será aquilo samba, bossa, jazz ou mais alguma coisa?), encontra ressonância pela abordagem do documentário na própria trajetória de hibridismo do samba que fez com que o mesmo sofresse o desdém estético durante muito tempo por boa parte da “elite cultural” nativa. De certa forma, é traçado um paralelo entre o preconceito social que Elza sofreu pela sua personalidade polêmica e libertária com as restrições que teve pela visão personalíssima que imprimiu em sua obra. Um emblemático exemplo dessa postura desafiadora da cantora contra os padrões de bom gosto cultural pode ser atestado na seqüência em que aparece a mesma cantando um funk carioca pesadão num baile do gênero.

Como se pode observar, o ponto temático central de “Elza” é evidenciar como a arte da cantora é um reflexo direto da natureza cultural brasileira no que ela tem de mais flexível e rica em possibilidades criativas, o que se estende até mesmo na nossa religiosidade sincrética. Não é à toa que um dos momentos cruciais do documentário está nas longas tomadas do diálogo musical entre Elza e Maria Bethânia em que ambas cantam “O Samba da Benção” de Vinicius de Moraes e Baden Powell, com elas evocando várias divindades católicas e de umbanda, entremeadas por cenas de imagens de entes e divindades. Em tempos de neo-obscurantismo evangélico em voga, tal exposição tão crua de crenças acaba tendo um caráter de ousadia admirável.

Esta proposta que beira a antropologia ao esmiuçar não só a musicalidade de Elza Soares mas também as próprias fundações estéticas do nosso cancioneiro encontra semelhanças em outro documentário que também se aprofundou numa viagem sensorial sobre o samba, o fundamental “Moro no Brasil” (2002) do finlandês Mika Kaurismaki.

quarta-feira, dezembro 22, 2010

Amor Por Acaso, de Márcio Garcia 1/2 (meia estrela)


A esta altura do campeonato, nem vale muito a pena enumerar as inúmeras tosquices que saltam aos olhos em “Amor Por Acaso” (2010) tamanha a quantidade de resenhas existentes que espezinharam a produção em questão. O que posso dizer de diferente é que tal filme me fez rever conceitos. Sabem aquelas comediazinhas insossas com a Katherine Heigl?? Pois é, elas me parecem agora até mais palatáveis depois de ver essa tranqueira dirigida por Márcio Garcia, que demonstra uma ostensiva falta de feeling para o gênero comédia-romântica. Na verdade, “Amor Por Acaso” chega a ser engraçado pelas vias tortas. O que é aquela expressão “que diabos estou fazendo aqui” de atores já calejados como John Savage e Eric Roberts? E será que não existiria uma forma minimamente mais sutil do diretor fazer o marketing da marca de shampoo patrocinadora do filme? Se “Amor Por Acaso” pode ser uma experiência audiovisual deprimente em termos artísticos, por outro lado, entretanto, não deixa ser ilustrativa dos mecanismos que podem levar uma película a ser um fracasso retumbante.

terça-feira, dezembro 21, 2010

Megamente 3D, de Tom McGrath ***


O fato de ser 3D, no fim das contas, pouco influencia na concepção de “Megamente” (2010). O efeito especial mencionado não é explorado de uma forma que realmente extravase as possibilidades criativas dessa animação (para falar a verdade, a maioria das produções que se utilizam tal tecnologia não aproveita tais possibilidades). Mesmo assim, é uma obra que traz um traço estilizado acima da média, numa bela combinação de dinâmica de ação e tom caricatural. Esse lado estético diferenciado do filme encontra uma contraparte ideal na ideia principal da trama, que apresenta uma gozação com os clichês do gênero dos super-heróis (em especial com a mitologia do Superman). “Megamente” ironiza vários dogmas dessa linha temática, mas sem esquecer de apresentar uma cativante narrativa de aventura, com direito até a algumas caracterizações de personagens bem assustadoras, o que aliado a algumas referências cinematográficas presentes ao longo do roteiro faz com que essa animação possa ser melhor apreciada por adultos do que o público infantil.

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1, de David Yates **1/2


O grande problema do capítulo cinematográfico mais recente da saga do bruxo adolescente não está exatamente no que ele é, mas sim no que o mesmo poderia ter sido, tendo em vista o material humano e logístico envolvido na produção. Para começar, o elenco traz quase que um quem-é-quem dos grandes atores britânicos da atualidade: Ralph Fiennes, Alan Rickman, Helena Bonham Carter, Bill Nighy, Brendan Gleeson, David Thewlis, John Hurt. Com exceção de Fiennes, entretanto, todos se limitam a participações de poucos minutos (num filme com quase duas e meia de duração!!), como se importasse mais as suas presenças em cena como uma espécie de legitimação artística do que uma efetiva contribuição dramática para o filme. Esse tipo de aproveitamento se estende para os próprios efeitos visuais: inegavelmente competentes, mas ao mesmo tempo pouco impactantes no sentido de grudarem na memória do espectador. Assim, a real importância de “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1” (2010) parece se concentrar na sua trama em si. E é aí que o negócio complica. Tem-se uma narrativa truncada, onde quase nada acontece, com os elementos do roteiro funcionando mais como escada para uma série de fatos que nunca ocorrem (talvez eles se concretizem na segunda parte...). Ou seja, a escolha de dividir o derradeiro livro da série em dois filmes foi mal delineada na hora de se transportar para a tela grande. Parte-se também de um princípio equivocado de que ambientar a trama sob uma ótica mais sombria tornaria o filme mais “sério e adulto”. Balela: de todos os filmes da franquia, este é o que pior desenvolve as situações e os personagens, além de trazer soluções narrativas pueris e chupações explicitas de “O Senhor dos Anéis” (o que dizer das cenas em que o trio de protagonista apresenta comportamento alterado por usarem um amuleto do vilão Voldmort?). No final das contas, pouca coisa em “As Relíquias da Morte – Parte 1” atinge o mesmo nível de concisão narrativa e apuro estético de “O Prisioneiro de Azkaban” (2004), o melhor filme da série.

sexta-feira, dezembro 17, 2010

O Garoto de Liverpool, de Sam Taylor Wood ***


A melhor forma de apreciar “O Garoto de Liverpool” (2009) é tentar não levar muito a sério possíveis elocubrações de como os fatos íntimos mostrados no filme podem ter influenciado a obra de John Lennon. Seria uma exercício muito pueril, afinal em termos temáticos a trama é detalhada de forma que beira o novelesco, naquele velho estilo exagerado de revelações e reviravoltas sobre podres domésticos e amorosos. Deixando de lado esses excessos melodramáticos, o forte desta produção britânica está mais na recriação temporal que faz do ambiente cultural inglês pré-Beatles. Uma Liverpool ensolarada é retratada de forma quase bucólica, como se um mundo imaginário de tranqüilidade estivesse próximo a se esfacelar perante a influência venenosa do rock e do rhythm and blues norte-americanos. Neste sentido, é fascinante observar como a música se insere dentro do mundo dos personagens, influenciando tanto seus temperamentos quanto o rumo de suas vidas. A trilha sonora de “O Garoto de Liverpool”, obviamente, tem papel fundamental em tal concepção, tanto na seleção das versões originais de canções emblemáticas da época quanto nas regravações dos temas que representavam os primeiros esforços das bandas embrionárias que deram origem aos Beatles. Para fãs ou não do quarteto mais famoso da história do rock, é uma obra que tem um certo caráter revelador no quesito musical.

quinta-feira, dezembro 16, 2010

A Rede Social, de David Fincher ****


Dentro do gênero dos filmes baseados em fatos reais, “A Rede Social” (2010) traz um aspecto peculiar, no sentido de que boa parte dos eventos mostrados nas obra não estão ainda conclusos no tempo: o Facebook continua se expandindo, as ações judiciais em torno dele não param de surgir, Mark Zuckerberg cresce em influência no universo econômico e tecnológico. E isso tudo faz parte de uma lógica fascinante e assustadora que permeia todo o filme de que a velocidade das mudanças tecnológicas e comportamentais é tão fulminante que jovens de pouco menos de 30 anos já são considerados anacrônicos e tecnologias de poucos anos de criação são taxadas de obsoletas. Há o paradoxo, entretanto, que David Fincher formata essa sensação de urgência em uma produção de acabamento estético que beira o clássico e de sereno ritmo narrativo.

A primeira meia hora de “A Rede Social” é primorosa em termos de linguagem cinematográfica. Das cenas iniciais do fora que Zuckerberg leva da namorada até o desenvolvimento dos esboços de programação que levaram às idéias embrionárias do Facebook, há a intermediação com tomadas de uma festa regada a jogos de carta, sexo e drogas em uma tradicional fraternidade universitária. A contraposição entre os dois ambientes (um quarto cheio de nerds em volta de um computador e uma celebração hedonista) estabelecida pela montagem sintetiza com precisão o núcleo do conflito temático do filme, que envolve um misto de obsessão por poder e dinheiro, rancor, inveja, solidão e vazio existencial. No restante de “A Rede Social”, há a queda para uma estrutura mais convencional de drama de tribunal, mas mesmo assim num trabalho muito acima da média, com destaque para a sombria fotografia (que parece evocar o estilo de Gordon Willis na trilogia “O Poderoso Chefão”), a trilha sonora de discretas e climáticas texturas eletrônicas e o elenco de atores. Neste último campo, sobressaem-se Jesse Eisenberg (em composição dramática que combina o assustador e o patético na mesma moeda com naturalidade no papel principal) e Justin Timberlake exalando cinismo e simpatia cara-de-pau na pele de Sean Parker, o criador do Napster.

segunda-feira, dezembro 13, 2010

O Demônio, de John Erick Dowdle ***1/2


Por mais que repise em clichês e abuse dos truques baratos, é inegável o poder de tensão que emana de “O Demônio” (2010). A começar pela sua abertura, em que tomadas aéreas com a câmera invertida, auxiliadas por um impactante tema musical, criam uma sinistra ambientação para a produção. A partir de um fio de trama, o diretor John Erick Dowdle explora com precisão as possibilidades criativas da narrativa que se centra basicamente dentro de um elevador. Algumas subtramas valorizam a abordagem claustrofóbica da direção, enfatizando a sensação de impotência e perplexidade diante do sobrenatural. Os efeitos especiais são discretos, mas eficientes nos sustos que geram. Na realidade, o suspense é mais valorizado do que os momentos de violência e carnificina (apesar dos mesmos impressionarem pelo seu considerável nível gore). O detalhe, por exemplo, das panes de luz no elevador que anunciam os ataques do demônio é um recurso estético que pode soar batido, mas que no contexto do filme adquire um sentido mais que coerente. Mesmo que detalhes novelescos do roteiro e a conclusão estilo final feliz tirem um pouco do seu brilho, “O Demônio” é uma das melhores obras de horror a chegar aos nossos cinemas nesta temporada.

sexta-feira, dezembro 10, 2010

Os Outros Caras, de Adam McKay ****


As cenas iniciais de “Os Outros Caras” (2010) não são apenas uma homenagem/sacanagem aos clichês básicos ao gênero policia (com direito, inclusive, a uma dupla de tiras na linha “Máquina Mortífera”). O diretor Adam McKay chega ao ponto, inclusive, de satirizar os piores defeitos do cinema de ação moderno ao picotar a narrativa com edição estilo “video-clip” e câmera tremida. A ironia do filme não se restringe, entretanto, a simples paródia. Um de seus grandes méritos é justamente adequar o pique cômico alucinado dentro de uma trama policial quase clássica. Vários momentos do filmes são quase esquetes de piadas, mas formatados com coerência dentro de um roteiro bem delineado em termos de estrutura, estabelecendo ainda sofisticadas relações com a temática dos crimes financeiros tão típicos na sociedade americana deste século. Vale também mencionar que a porção “aventura” de “Os Outros Caras” é primorosa no sentido do domínio da ação por parte de McKay, com o diretor manipulando com destreza uma porção considerável de trucagens básicas e essenciais para produções desta linha, com destaque para câmera lenta com influência de Sam Peckinpah.

Os fãs de McKay e de seu comparsa Will Ferrell podem até estranhar o fato de que aquele estilo de comédia mais nonsense de obras como “O Âncora” (2004), “Ricky Bobby – A Toda Velocidade” (2006) e “Quase Irmãos” (2008) adquira um tom mais sereno e subordinado aos desdobramentos do roteiro. Mesmo assim, há sequências brilhantes no filme que trazem bastante daquele elemento de improvisação e espontaneidade tão caro na forma de Ferrell atuar. E Mark Walberg, mesmo não tendo o mesmo carisma colossal para comédia de John C. Reilly (parceiro de Ferrell em “Ricky Bobby” e “Quase Irmãos”), surpreende por conseguir entrar na sintonia siderada de seus companheiros.

quinta-feira, dezembro 09, 2010

Gente Grande, de Dennis Dugan ***


Nesta comédia dramática de 2010, a trama parte de uma premissa bastante manjada no cinema: a de amigos de infância que se reencontram adultos devido à morte de um conhecido em comum e assim acabam fazendo uma reavaliação de suas vidas. É claro que com os nomes envolvidos o filme não cai exatamente em uma reflexão mais aprofundada sobre a maturidade e amizade. Isso, entretanto, não é demérito para “Gente Grande”. O grande trunfo do filme está em sua fluidez narrativa, em que o roteiro vai se compondo de situações irônicas que parecem nascidas de um aparente e espontâneo improviso. Predomina uma leveza formal e temática que faz com que mesmos momentos mais propensos para o grotesco ou à escatologia adquiram até uma sutileza inesperada, o que acaba se refletindo também em interpretações mais contidas e sóbrias de atores associados geralmente a um estilo de humor mais histriônico (Adam Sandler, Chris Rock, Rob Schneider).

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Você Conhecerá O Homem dos Seus Sonhos, de Woody Allen ***1/2


Tentar entender algum filme de Woody Allen dentro de um padrão evolutivo pode ser uma opção equivocada para entender os seus méritos. Afinal, o diretor nos últimos anos tem se dedicado a uma espécie de auto-reciclagem de ideias, obsessões temáticas, referências e escolhas estéticas. Em sua obra mais recente, “Você Conhecerá O Homem dos Seus Sonhos” (2010), por exemplo, ele chega ao ponto até de recuperar canções já utilizadas em outras de suas produções. O que vai fazer a diferença se um projeto dele será bem sucedido em termos artísticos, no final das contas, vai ser a inspiração que terá na manipulação de seus clichês particulares. Em alguns casos, a reelaboração de seus preceitos pode soar preguiçosa (como em “Igual a Tudo na Vida”), mas em outros momentos a velha reciclagem soa mais que convincente. Nesta última situação se enquadra “Você Conhecerá O Homem dos Seus Sonhos”. Dentro de uma narrativa fragmentada em vários conflitos, Allen orquestra com perversa coerência o destino de seus personagens em formato de conto moral, resgatando ainda a sua niilista e irônica visão sobre religião e misticismo (nessa linha, não há como não lembrar da obra-prima “Crimes e Pecados”). De se destacar também que a abordagem de Allen para a ciranda emocional de suas criaturas é desconcertante por estabelecer um limite tênue entre a comédia e o drama – por mais que determinadas situações possam soar trágicas, as mesmas parecem permeadas por um amargo sarcasmo. Esse sentimento ambivalente encontra sua síntese exata na interpretação de Naomi Watts, que condensa em suas expressões a gama complexa de emoções e sentimentos contraditórios que emanam de “Você Conhecerá O Homem dos Seus Sonhos”.

terça-feira, dezembro 07, 2010

Red - Aposentados e Perigosos, de Robert Schenwetke *


Baseado em uma minissérie em quadrinhos escrita por Warren Ellis e desenhada por Cully Hamner, “Red – Aposentados e Perigosos” (2010) é um filme que frustra não pelo simples fato de ser pouco fiel ao excelente “comics” original, mas sim por ser uma produção que falha em vários aspectos formais. Seu principal defeito está nas preguiçosas sequências de ação, itens fundamentais numa obra de aventura como essa: a utilização de poucos convincentes efeitos digitais dá a impressão de um longo vídeo game no qual pouco se interage. Além disso, o diretor Robert Schenwetke retira qualquer força de tensão dramática ao filme ao se aproximar de um formato de comédia romântica. Isso acaba resultando em um roteiro que é um primor de cretinice. Como explicar, por exemplo, a morte absurdamente anti-climática do personagem de Morgan Freeman? No meio de tantos equívocos, entretanto, sobressai-se o desempenho visceral de Karl Urban como um obcecado agente da CIA, que mesmo num papel coadjuvante consegue dar uma série de nuances que inexistem até nos protagonistas.

Vício Frenético, de Werner Herzog ****


O veterano e autoral cineasta alemão Werner Herzog realizando uma refilmagem de uma clássica obra policial obscura do também autor Abel Ferrara pode parecer algo meio esdrúxulo. O resultado final de “Vício Frenético” (2008), entretanto, mostra-se perfeitamente coerente com as particulares concepções estéticas de Herzog.

Inicialmente, cabe ressaltar que da obra original de 1992 preservou-se basicamente apenas a premissa inicial do roteiro: o tenente Terence McDonagh (Nicolas Cage), policial viciado e endividado, porém dotado de uma perturbadora ética católica, vê na investigação de um crime bárbaro uma possibilidade de redenção moral para os seus pecados. As situações presentes na trama e a conclusão da mesma na versão de Herzog são diferentes daquelas da produção de Ferrara.

Em boa parte dos filmes de Herzog (“Aguirre – A Cólera do Deuses”, “Nosferatus”, “Fitzcarraldo”, “O Homem-Urso”, “O Sobrevivente”) há uma obsessão temática na forma de retratar a natureza selvagem e em como esse ambiente se relaciona com os próprios personagens. A visão do cineasta germânico sobre essa natureza não é idealizada, contemplativa e edificante – pelo seu olhar, a mesma é misteriosa, impenetrável, ameaçadora e pronta para devorar a humanidade. Não à toa, ele situou “Vício Frenético” em uma Nova Orleans pós-Katrina, recém destruída pela fúria de um furacão. Assim, a cidade converte-se numa agressiva selva urbana, e é dentro desse inferno que Terence se arrasta numa tenebrosa, e por vezes hedonista, rotina de sexo, drogas, delírios e morte. A abordagem de Herzog para a trajetória do protagonista evita (ou perverte) os lugares comuns inerentes ao gênero policial, trazendo para a obra um estilo de filmar barroco, quase operístico, ao retratar a decadência moral e física de Terence. Movimentos de câmera e enquadramentos oferecem uma fascinante dimensão épica à jornada do tenente, indo de closes que captam com perfeição a variação do estado mental do tenente de acordo com suas expressões faciais até tomadas amplas de ruas e becos sórdidos.

Joga-se constantemente com a dicotomia degradação-prazer – Terence parece sofrer com o rumo vertiginoso que a sua vida toma, mas ao mesmo tempo deleita-se com os seus vícios e abusos de autoridade: achaca moral e sexualmente usuários de entorpecentes, intimida testemunhas, desvia para si mesmo drogas apreendidas, prende meliantes de quinta, namora uma luxuriante prostituta de luxo (Eva Mendes), pactua com traficantes de drogas. Herzog joga o espectador, por vezes, dentro da mente do tenente, partilhando-se de um olhar em que a realidade e a fantasia se mesclam, o que acaba proporcionando algumas das mais memoráveis seqüências de “Vício Frenético”, como aquela em que iguanas “comentam” o que está acontecendo nas telas ou quando Terence enxerga a alma de um bandido recém morto dando seus suspiros finais dançando hip hop!

Herzog desconcerta progressivamente o espectador ao se mostrar distanciado da lógica católica do seu protagonista, não partilhando da crença que as atitudes questionáveis do mesmo tenham de levá-lo a um fim trágico, assim como o ato inicial de Terence em sacrificar sua integridade física para salvar um presidiário prestes a se afogar na cela não garante uma recompensa moral para o primeiro (pelo contrário: ele lesiona as costas e ganha dores que o atormentarão por toda a sua vida). Mesmo quando atinge seu objetivo de prender os culpados do massacre de uma família, não há a tão sonhada redenção para ele. Herzog descarta soluções místicas ou religiosas para aliviar as culpas de Terence. Além do mais, o próprio cineasta parece não acreditar muito no conceito de “culpa” ao rechear de ironia cenas de brutalidade perturbadora e ao não apresentar um final moralizante para sua obra.

Diante de todo esse tratamento formal e temático inquietante, “Vicio Frenético”, provavelmente, é a mais bem sucedida obra de Herzog filmada nos Estados Unidos, justamente por preservar a sua integridade autoral dentro de um padrão tradicional de cinema comercial.

P.S.: curiosamente, o extraordinário “Olhos de Serpente”, filme de 1993 de Abel Ferrara, já trazia uma estranha participação de Herzog, em um trecho de depoimento em que o alemão dava uma contundente declaração de descontentamento com o ato de realizar filmes.

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Senna, de Asif Kapadia ***1/2


Ao concentrar a sua narrativa primordialmente na trajetória do seu protagonista na Fórmula 1, “Senna” (2010) revela muito mais uma intenção de louvação à figura do piloto do que uma exposição objetiva dos fatos. É inegável, entretanto, que faz esse discurso laudatório com muita competência. O diretor Asif Kapadia teve acesso a uma gama considerável de registros audiovisuais - corridas, depoimentos, reuniões entre dirigentes de federações e grandes prêmios com os pilotos – e combinou todo esse material de forma engenhosa, fazendo de Ayrton Senna um piloto que se aparenta a figuras épicas e mitológicas. Há um tendencioso contraponto, por exemplo, entre as figuras de Senna e do francês Alain Proust, em que o primeiro seria um indivíduo crente em Deus sempre disposto a ganhar corridas de forma arrojada e o segundo um frio ateu mais propenso a acumular pontos para ser campeão. Tal diferenciação pode ser maniqueísta, mas em termos dramáticos para o documentário tem o “feeling” perfeito. A forma com que o documentarista expõe os momentos de conflitos entre Senna e seus adversários (pilotos, “cartolas”) também dá aquela impressão de herói solitário contra as injustiças do mundo automobilístico. É fascinante, todavia, que apesar dessa visão parcial que paira sobre “Senna”, há momentos em que um lado mais obscuro do piloto fica evidenciado, quase como um descuido, em que se pode observar um traço de obsessão calculada em vencer grandes prêmios e campeonatos e estabelecer recordes.

Também é mérito de Kapadia a construção de uma dinâmica narrativa em que mesmo aqueles que não são fãs das corridas (como este que vos escreve) acabam acompanhando com tensão o desdobramento das competições e entendam melhor a dimensão do significado da figura de Senna para o automobilismo mundial e para o próprio Brasil.

sexta-feira, dezembro 03, 2010

5x Favela - Agora Por Nós Mesmos **1/2


A origem de “5x Favela – Agora Por Nós Mesmos” (2010) extrapola os fins apenas artísticos. A produção nasceu de oficinas de cinema gratuitas coordenadas por alguns dos principais cineastas do país. Reduzir a importância do filme a um caráter meramente social ou assistencial, entretanto, seria injusto. Como toda obra composta de episódio, predomina uma certa irregularidade em termos de consistência formal. Os episódios “Fonte de Renda” e “Concerto Para Violino” se mostram competentes em termos de fotografia e montagem, mas suas respectivas narrativas são trôpegas ao apostarem em uma fórmula engessada no gênero policial dramática. Mais convincentes são “Arroz Com Feijão”, “Deixa Voar” e “Acenda Luz” que investem num tom quase de anedota ao retratar interessantes detalhes do quotidiano das favelas, sendo eficientes na sua capacidade de prender a atenção do espectador.

quinta-feira, dezembro 02, 2010

José & Pilar, de Miguel Gonçalves Alves ***


Pode-se perceber em “José & Pilar” (2010) uma certa intenção laudatória em relação à figura do escritor português José Saramago e de sua esposa espanhola Pilar. Basicamente, o documentário mostra os últimos anos de vida do autor, envolvido em inúmeras palestras e intermináveis sessões de autógrafos, além da elaboração do seu romance derradeiro (“Viagem do Elefante”) e a internação por problemas de saúde, e sempre assessorado/pajeado por Pilar. Ressalta-se o grande artista e o humanista bastante atuante, também o ateu racionalista questionador dos dogmas católicos (o que lhe arruma um boicote do povo e governo portugueses). Apesar desse tom que beira a louvação, entretanto, “José & Pilar” consegue extrair contradição e conflitos dentro de tal temática. É perturbador, por exemplo, o contraste entre o entre o brilhantismo intelectual e artístico de Saramago e a sua dependência afetiva e profissional de Pilar. A ostensiva evidência da fragilidade de sua saúde também faz refletir sobre a real necessidade do escritor em fazer constantes viagens de divulgação de sua obra e ideias: seria para divulgação de seus princípios éticos e culturais, pelo desejo de estar em constante movimento ou simplesmente para vender mais livros? O sentimento de ambiguidade também está presente na forma como os apreciadores de Saramago são retratados – se por um lado se sente uma real admiração pelo homem das letras por parte dos mesmos, por outro há uma ironia ao se retratar uma tietagem estéril (o que é aquele rapaz brasileiro pedindo para o escritor desenhar um hipopótamo na dedicatória?). E por mais que Pilar seja o anjo da guarda de seu marido, não há como se irritar com a sua postura petulante e "mala" em alguns momentos. No mais, o diretor Miguel Gonçalves Mendes oferece uma moldura formal elegante para “José & Pilar”, compilando essa gama considerável de registros audiovisuais diversos em uma montagem de ritmo contemplativo que raramente cai no enfadonho. De bônus, traz imagens marcantes das paisagens enevoadas de Lanzarote, local que parece a tradução telúrica perfeita para a escrita densa de Saramago.

quarta-feira, dezembro 01, 2010

Um Parto de Viagem, de Todd Philips ***


Com “Se Beber Não Case” (2009), Todd Philips entrou de vez no primeiro time dos melhores diretores norte-americanos de comédias da atualidade. Sua obra mais recente, “Um Parto de Viagem” (2010), não tem o mesmo grau de comicidade insana de “Se Beber...”. Mesmo assim, entretanto, consegue ter alguns momentos memoráveis. Em comparação com sua produção anterior, Philips optou por uma trama mais serena e menos rocambolesca, apostando muito mais num certo contraste entre o humor sutil e contido de Robert Downey Jr. e o tom histriônico excessivo de Zach Galifianakis, relembrando de certa forma o “duelo” entre Steve Martin e John Candy no clássico oitentista “Antes Só do Que Mal Acompanhado”. Num contexto geral, “Um Parto de Viagem” obedece a uma lógica mais moralizante, estilo “lição de vida edificante”, conseguindo atingir um brilho criativo acima média em sequências que utiliza de uma comicidade politicamente incorreta, com destaque para as cenas em que o personagem de Downey Jr. bate em um moleque mal-criado como se fosse um adulto (chegando a ameaçá-lo de morte, inclusive!!) ou quando leva uma surra de um deficiente físico (ponta hilária de Danny McBride) após tirar um sarro de veteranos da guerra do Golfo.