A história do cinema é pródiga em filmes considerados malditos, obras que ganharam esse título devido a uma temática polêmica ou por apresentarem qualidades artísticas e comerciais questionáveis, nesse último caso, aquilo que podemos chamar de "bombas". É claro que alguns filmes fazem jus a esse estigma, pois realmente são muito ruins. Mas há casos, entretanto, que tal denominação acaba sendo equivocada, sendo fruto de uma percepção preconceituosa ou medíocre. Eu acredito que "Showgirls" enquadra-se nesse último caso. Considerado por muitos críticos e boa parte do público como um dos maiores fiascos da história do cinema, esse foi o filme que quase enterrou a carreira do genial diretor holandês Paul Verhoeven (na verdade, ele nem levou muito a sério esta história, comparecendo em 1996 na entrega do Framboesa de Ouro, quando "Showgirls" foi "vencedor" em várias categorias). Talvez o que tenha levado a tantos a se frustrarem foi o fato de esperarem um novo "Instinto Selvagem", um dos maiores sucessos de Verhoeven e igualmente roteirizado por Joe Eszterhas. O que diferencia os dois filmes, entretanto, é simples: enquanto que em "Instinto Selvagem" temos uma contra-parte "do bem", mesmo que perturbada, na figura do detetive Nick Curran (Michael Douglas) para a figura amoral de Catherine Tramell, em "Show Girls" isso inexiste - em sua trama ninguém é flor que se cheire, e até mesmo a pretensa heroína Nomi Malone (Elisabeth Berkley), por exemplo, não hesita em empurrar a sua rival Cristal Connors (Gina Gershons) para tomar o seu lugar de atração principal de um dos mais famosos números de dança das boates de Las Vegas. E se "Instinto Selvagem" é basicamente um suspense policial pontuado por fortes seqüências eróticas, "Show Girls" é um melodrama sobre ascensão no show business recheado de uma sexualidade que beira quase o pornográfico.
A verdade é que quem lesse atentamente o roteiro de "Showgirls" veria com certeza que se tratava de um verdadeiro suicídio comercial: essencialmente é a trajetória de dançarina loira e gostosa que quer vencer na vida, saindo de um bagaceiro bar de stripper para um show de dança erótica em um dos maiores cassinos de Las Vegas (sério, mas não se consegue perceber com grande clareza qual seria a grande evolução na vida da personagem nessa troca de emprego...). E para coroar todo esse exagero, o pano de fundo da trama é uma Las Vegas no auge da cafonice. Os olhos de Verhoeven devem ter brilhado quando ele viu todo o material que tinha em mãos. Ele joga qualquer traço de sutileza para o espaço, não abrindo qualquer concessão no seu estilo e dando um tratamento barroco e operístico para a saga de Nomi Malone. O cineasta filma as ultra-bregas coreografias das apresentações nos cassinos com uma paixão e sentido épico impressionantes. Sua câmera também dá uma dimensão insólita e ainda mais grandiosa para Las Vegas, fazendo com que a mesma pareça uma versão modernosa de Sodoma e Gomorra. Nesse sentido ainda, Verhoeven não poupa extremos: a podridão moral e a falta de escrúpulos rondam toda a trama, rendendo seqüências antológicas como aquela em que a nossa "heroína" faz a dança do colo em um influente executivo (Kyle MacLachlan) para receber uma oportunidade de emprego ou quando um diretor de coreografia (Robert Davi) sugere a candidatas para um de seus espetáculos que passem cubos de gelos nos seus mamilos para deixá-los mais durinhos...
Talvez o que leve tantos a odiarem "Showgirls" é quererem encarar o filme como se tudo aquilo fosse alguma análise séria de Verhoeven sobre o mundo dos espetáculos ou coisa parecida. O que o diretor realmente nos oferece é uma visão extrema e absurda sobre um tema que nem é tão importante assim, sendo apenas um pretexto para o seu fabuloso virtuosismo cinematográfico que se mostra no auge. A lógica de "Showgirls" é tão escapista e fantasiosa quanto a de humanos guerreando contra insetos gigantes e alienígenas em "Tropas Estelares", outra obra-prima do mestre holandês.
A verdade é que quem lesse atentamente o roteiro de "Showgirls" veria com certeza que se tratava de um verdadeiro suicídio comercial: essencialmente é a trajetória de dançarina loira e gostosa que quer vencer na vida, saindo de um bagaceiro bar de stripper para um show de dança erótica em um dos maiores cassinos de Las Vegas (sério, mas não se consegue perceber com grande clareza qual seria a grande evolução na vida da personagem nessa troca de emprego...). E para coroar todo esse exagero, o pano de fundo da trama é uma Las Vegas no auge da cafonice. Os olhos de Verhoeven devem ter brilhado quando ele viu todo o material que tinha em mãos. Ele joga qualquer traço de sutileza para o espaço, não abrindo qualquer concessão no seu estilo e dando um tratamento barroco e operístico para a saga de Nomi Malone. O cineasta filma as ultra-bregas coreografias das apresentações nos cassinos com uma paixão e sentido épico impressionantes. Sua câmera também dá uma dimensão insólita e ainda mais grandiosa para Las Vegas, fazendo com que a mesma pareça uma versão modernosa de Sodoma e Gomorra. Nesse sentido ainda, Verhoeven não poupa extremos: a podridão moral e a falta de escrúpulos rondam toda a trama, rendendo seqüências antológicas como aquela em que a nossa "heroína" faz a dança do colo em um influente executivo (Kyle MacLachlan) para receber uma oportunidade de emprego ou quando um diretor de coreografia (Robert Davi) sugere a candidatas para um de seus espetáculos que passem cubos de gelos nos seus mamilos para deixá-los mais durinhos...
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Um comentário:
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