Confesso que os dois primeiros filmes do cineasta Darren Aronofsky, “Pi” (1998) e “Réquiem Para Um Sonho” (2000) nunca me chamaram muito a atenção, fazendo com que eu achasse tal diretor um nome tremendamente superestimado. “A Fonte” (2006), bela produção de ficção científica influenciada visualmente por quadrinhos europeus, fez tal situação mudar bastante de figura. Mas é agora com “O Lutador” (2008) que Aronofsky mostra definitivamente que é um grande diretor. Ele adora um estilo seco e direto, de tons quase documentais, nessa narrativa sobre o lutador decadente Randy “Lamb” (Mickey Rourke) que se vê diante de uma encruzilhada existencial, não abrindo mão, entretanto, de utilizar brilhantemente recursos estéticos como planos seqüências e alternância de narrativa em dois tempos. Nesse sentido, são inesquecíveis seqüências como aquela em que o protagonista percorre o supermercado onde trabalha como se estivesse preste a entrar em um ringue ou quando ele luta com o grotesco Necron, em que são mostrados de forma praticamente simultânea o pós-combate, com “Lamb” examinando os seus ferimentos, e a própria luta em si, um dos momentos de brutalidade mais intensos já mostrados no cinema. Além disso, Aronofsky se afasta da solução óbvia de encarar o drama de “Lamb” como uma parábola edificante ou de redenção, oferecendo ao personagem uma densidade dramática fascinante ao retratá-lo como um indivíduo que percebe que é tarde demais para mudar de atitude perante o mundo, restando-lhe apenas agir de forma coerente com o que ele foi durante toda a sua vida
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