sexta-feira, janeiro 06, 2017

Chico - Artista brasileiro, de Miguel Faria Jr. **1/2

Depois de assistir a “Chico – Artista brasileiro” (2015), uma impressão inicial logo fica evidente – está muito longe de ser o desastre que foi “Vinicius” (2015), equivocada cinebiografia de Vinicius de Moraes também dirigida por Miguel Faria Jr. Dessa vez, o cineasta soube valorizar melhor a vida e arte de seu protagonista, não recorrendo a constantes e inconsistentes truques sentimentais e narrativos. Por outro lado, a complexidade artística e existencial de uma figura como Chico Buarque exigia uma concepção estética-temática menos previsível e mais ousada. A dinâmica da narrativa é correta, boa parte dos números musicais tem os seus atrativos na coerência da escolha de canções e intérpretes e a própria “matéria prima” original já configura um atrativo à parte (farto material de arquivo visual, depoimentos repletos de informações e erudição de Chico e, é claro, o seu expressivo cancioneiro). No final das contas, entretanto, essa mera competência formal e textual não se mostra em sintonia com o caráter inquietante que marca a produção cultural e a própria trajetória de Chico Buarque na sua síntese de tradição e transgressão. Por vezes, o documentário se mostra tão bem-comportado que faz beirar o institucional, não sabendo explorar com mais sensibilidade e perspicácia os dilemas, as contradições e a beleza singular que provém de tudo aquilo que Chico está envolvido (música, teatro, literatura e mesmo sua vida).

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Embora poderia ter ido mais longe em sua proposta achei um bom documentário e que agrada os fãs do cantor.