sexta-feira, dezembro 28, 2018

Pura adrenalina, de Wes Anderson ***1/2


O primeiro longa-metragem dirigido por Wes Anderson, “Pura adrenalina” (1996), traz boa parte daquilo que uma obra de estreia de um cineasta autoral costuma apresentar, principalmente no sentido de apresentar uma grande série de ideias e concepções criativas que no conjunto geral nem sempre conseguem serem sintetizadas em um equilíbrio narrativo constante. Ainda assim, é um filme bastante empolgante na sua combinação de comédia amalucada, policial desajeitado e melodrama agridoce, fórmula essa que seria ainda melhor delineada em produções posteriores. É curioso ainda observar como Anderson na época mostrava um forte vínculo com certas convenções formais e temáticas típicas daqueles filmes envolvendo road movies e jovens ingênuos e inconsequentes tão caros a uma determinada linhagem do cinema norte-americano. Esses clichês narrativos, entretanto, são trabalhados com um saudável misto de ironia e sensibilidade, além de serem perpassados com um olhar artístico bastante pessoal por parte de Anderson. No mais, de se destacar a antológica sequência do roubo frustrado em uma transportadora, a ótima trilha sonora cancioneira e as memoráveis atuações dos irmãos Wilson em início de carreira e do veterano James Caan.

3 comentários:

Marcelo Castro Moraes disse...

Pior que eu ainda não assisti esse dele. Visite o meu blog de cinema. https://cinemacemanosluz.blogspot.com/2018/12/cine-dica-em-cartaz-o-retorno-de-mary.html

eron duarte fagundes disse...

Belo texto, André. A mim o Anderson sempre pareceu um cineasta irregular. Sofisticado sempre, plasticamente excitante, mas às vezes fora de tom. Dele, gosto demais de "Viagem a Darjeeling" e "Grande Hotel Dudapeste".

André Kleinert disse...

Esse filme foi exibido em uma mostra no Cine Santander Cultural dedicada ao Wes Anderson. Apesar de ser o primeiro longa dele, era o único que eu nunca tinha visto, pois ele nunca foi lançado comercialmente no Brasil no cinema, em VHS ou em DVD. Bem, se fosse para escolher os meus favoritos dele, acho que eu ficaria com o Moonrise Kingdom e A vida marinha de Steve Zissou. E achei um absurdo que o último filme dele, o sensacional "A ilha dos cachorros", ficou apenas uma semana em cartaz aqui em Porto Alegre (ainda bem que fui ver correndo na época).