Há obras cujo maior foco está na sua proposta temática do que em seus eventuais méritos artísticos ou formais. Esse seria o caso do documentário dinamarquês “Sangue no Celular” (2010), cujo objetivo principal é denunciar o uso oficial de minerais provindos de forma clandestina da África para a fabricação de telefones celulares. O diretor Frank Piasecki Poulsen expõe a hipocrisia e amoralidade de grandes corporações em tentar justificar aquilo que é injustificável. Apesar de suas intenções sócio-políticas, entretanto, Poulsen consegue elaborar um filme que apresenta uma narrativa envolvente, carregada de tensão e até mesmo aventura, afinal, além dos previsíveis depoimentos em escritórios e outros lugares mais confortáveis, ele não se furta em se embrenhar no meio de minas precárias e repletas de guerrilheiros armados nas selvas africanas, visando mostrar o cotidiano dos nativos praticamente escravizados que trabalham na extração. O constante risco de desabamentos ou de simplesmente levar um tiro transformam tais momentos a produção num verdadeiro thriller de suspense.
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