terça-feira, maio 15, 2018

Raw, de Julia Ducornau **1/2


A diretora Julia Ducornau busca em “Raw” (2016) uma aproximação ao terror antropológico repleto de simbologias, mas procurando aproveitar alguns preceitos narrativos tradicionais do gênero horror. Algumas ideias do roteiro são interessantes, relacionando o canibalismo da protagonista Justine (Garance Marillier) com fundamentos atávicos e mesmo a toques de feminismo. Essa pretensão de crítica à sociedade patriarcal, entretanto, acaba se diluindo em uma abordagem narrativa e estética marcada por um certo tom “clean”. Há algumas sequências dominadas por uma interessante plasticidade brutal e sangrenta. Ou seja, os melhores momentos do filme é quando afunda o pé na jaca do terror gore. Quando envereda pelo lado do suspense psicológico é que as coisas descambam – nesse último quesito, faltou uma caracterização de situações e personagens mais aprofundada e menos superficial em termos de densidade dramática.

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