O diretor neozelandês Taika Waititi vinha em uma ascendente
interessante. Depois do divertido e promissor “O que fazemos nas sombras”
(2014), ele foi responsável por umas das obras mais personalíssima e engraçada
dos Estúdios Marvel, o ótimo “Thor: Ragnarok” (2017). Assim, as expectativas
para “Jojo Rabbit” (2019) eram consideráveis. Os 15 minutos iniciais do filme,
basicamente a parte em que o protagonista fica no acampamento para crianças
nazistas, são antológicos e honram as boas promessas geradas em torno de
Waititi. São de um humor alucinado, ácido, com uma encenação tão pirada que até
faz lembrar o Monty Pyton. Depois, a magia se desfaz e a impressão que fica é
que Waititi se adequa a alguns preceitos acadêmicos óbvios de filmes de 2ª
Guerra para sugerir uma respeitabilidade artística. Não chega a ser exatamente
ruim, só é dolorosamente óbvio e previsível, uma espécie de variante mais
engraçadinha de “A vida é bela” (1997). Nem mesmo a boa sacada imagética/textual
de um Hitler como amigo imaginário consegue se sustentar de maneira
convincente. Pelo menos a conclusão poética de “Jojo Rabbit” tira um pouco a
obra da vala comum e mostra que Waititi não é um talento totalmente
domesticado.
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