Muita gente pode não ter assistido “Antônia” por uma série de preconceitos, alguns deles até justificáveis: teve uma mini-série da Globo relacionada ao filme, o fato de ser mais uma produção de cunho social focalizando a vida dos menos privilegiados, a babação de ovo em geral da mídia, etc. Na verdade, eu mesmo estava com uma série de receios em relação à produção mais recente da cineasta Tata Amaral. Assistindo ao filme, entretanto, tive uma grata surpresa, pois “Antônia” está muito além dessas questões.
Para começar, “Antônia” não é um filme que se concentra apenas em fazer sociologia. Muito pelo contrário. A preocupação primordial de Tata Amaral é fazer cinema e dos bons. A utilização de câmera digital em algumas seqüências é brilhante, obtendo-se um visual belíssimo, principalmente nas tomadas externas noturnas: provavelmente nunca as ruas da periferia de São Paulo tiveram um registro visual tão poético e vivo como as registradas em “Antônia”. Nesses momentos, Tata Amaral nos faz lembrar o grande Michael Mann em obras primas como “Colateral” e “Miami Vice”. De Mann, a diretora também parece absorver as influências certas para a ação cinematográfica. A dinâmica em algumas cenas do filme impressiona pela fluência e concisão (a seqüência em que Bárbara dá uma surra num marginal é uma pérola), fazendo imaginar o que Tata Amaral poderia fazer com um filme de ação. Ou seja, “Antônia” é o mais perto que o cinema brasileiro já chegou de Michael Mann, e isso é uma puta evolução em tempos em que o cinema brasileiro está tão rendido à estética global de filmar.
Os números musicais em “Antônia” também são um capítulo à parte: longe da linguagem clipeira, Tata Amaral valoriza como nunca a força da música e a interação das meninas e dos demais músicos com a platéia. Mesmo em músicas mais bregas ou cafonas, a diretora consegue obter uma intensidade dramática e musical fabulosa. E ainda nessa parte musical, a seqüência em que Marcelo Dinamite (o rapper Thaíde em interpretação magnífica) canta e “explica” uma canção do velho soulman Hyldon para a sua protegida Preta (Negra Li) merece entrar numa antologia de melhores momentos do cinema nacional recente.
Em relação a sua trama, “Antônia” se mostra bem longe dos clichês e das soluções fáceis. Ao abordar a trajetória do grupo de rap feminino que dá título ao filme, Tata Amaral conta uma história contundente e sensível, mostrando que a lógica da superação e redenção nem sempre acontece de forma cor-de-rosa, ao mesmo tempo que evita cair em discursos ideológicos simplórios, valorizando a grandeza humana e contraditória dos personagens.
No mais, “Antônia” mostra que Tata Amaral evoluiu barbaridade depois do apenas correto “Um Céu de Estrelas” e do bom “Através da Janela”, credenciando-se como um dos melhores nomes do cinema nacional da atualidade, junto a Beto Brant e Fernando Meirelles.
Para começar, “Antônia” não é um filme que se concentra apenas em fazer sociologia. Muito pelo contrário. A preocupação primordial de Tata Amaral é fazer cinema e dos bons. A utilização de câmera digital em algumas seqüências é brilhante, obtendo-se um visual belíssimo, principalmente nas tomadas externas noturnas: provavelmente nunca as ruas da periferia de São Paulo tiveram um registro visual tão poético e vivo como as registradas em “Antônia”. Nesses momentos, Tata Amaral nos faz lembrar o grande Michael Mann em obras primas como “Colateral” e “Miami Vice”. De Mann, a diretora também parece absorver as influências certas para a ação cinematográfica. A dinâmica em algumas cenas do filme impressiona pela fluência e concisão (a seqüência em que Bárbara dá uma surra num marginal é uma pérola), fazendo imaginar o que Tata Amaral poderia fazer com um filme de ação. Ou seja, “Antônia” é o mais perto que o cinema brasileiro já chegou de Michael Mann, e isso é uma puta evolução em tempos em que o cinema brasileiro está tão rendido à estética global de filmar.
Os números musicais em “Antônia” também são um capítulo à parte: longe da linguagem clipeira, Tata Amaral valoriza como nunca a força da música e a interação das meninas e dos demais músicos com a platéia. Mesmo em músicas mais bregas ou cafonas, a diretora consegue obter uma intensidade dramática e musical fabulosa. E ainda nessa parte musical, a seqüência em que Marcelo Dinamite (o rapper Thaíde em interpretação magnífica) canta e “explica” uma canção do velho soulman Hyldon para a sua protegida Preta (Negra Li) merece entrar numa antologia de melhores momentos do cinema nacional recente.
Em relação a sua trama, “Antônia” se mostra bem longe dos clichês e das soluções fáceis. Ao abordar a trajetória do grupo de rap feminino que dá título ao filme, Tata Amaral conta uma história contundente e sensível, mostrando que a lógica da superação e redenção nem sempre acontece de forma cor-de-rosa, ao mesmo tempo que evita cair em discursos ideológicos simplórios, valorizando a grandeza humana e contraditória dos personagens.
No mais, “Antônia” mostra que Tata Amaral evoluiu barbaridade depois do apenas correto “Um Céu de Estrelas” e do bom “Através da Janela”, credenciando-se como um dos melhores nomes do cinema nacional da atualidade, junto a Beto Brant e Fernando Meirelles.
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