quinta-feira, agosto 09, 2007

A Conquista da Honra, de Clint Eastwood ****


Mesmo não estando, em se tratando de Clint Eastwood, no mesmo nível das obras-primas “Os Imperdoáveis” e “Sobre Meninos e Lobos”, “A Conquista da Honra” é um dos mais impressionantes filmes de guerra dos últimos anos. Eastwood estabelece uma linha narrativa altamente sofisticada e bem tramada, em que a trama se subdivide em dois tempos distintos e se entrecruzam de forma engenhosa e clara. No tempo passado, assistimos a tomada por parte do exército norte-americano, durante a Segunda Guerra Mundial, da Ilha de Iwo Jima, mostrando a sucessão de eventos que levaram à famosa e mítica fotografia em que soldados americanos fincam a bandeira dos EUA em um monte e à derrota do exército inimigo. No tempo presente, que se passa também durante a Segunda Guerra, Eastwood mostra um grupo de militares que participaram da mencionada tomada de Iwo Jima (e que supostamente estariam na mencionada fotografia) excursionado pelos EUA e fazendo apresentações em eventos visando colher fundos para a guerra. Nessa contraposição de dois tempos, o diretor oferece uma visão humanista e nem um pouco idealizada da Segunda Guerra Mundial, mostrando como conceitos como heroísmo e patriotismo são nebulosos em tempos de conflito. Quem espera arroubos ufanistas e conflitos maniqueístas certamente vai se decepcionar com o tom amargo da narrativa de “A Conquista da Honra”.

Apesar desse foco questionador sobre a Segunda Guerra, Eastwood não se esqueceu da ação cinematográfica, fundamental para um bom filme de guerra, e a mesma surge esplendorosa na tela. As cenas das enormes embarcações de guerra se dirigindo à Iwo Jima são de encher os olhos. As seqüências de batalha na ilha impressionam pela crueza e violência, com um estilo naturalista que lembra bastante a sensacional meia hora inicial de “O Resgate do Soldado Ryan”.

Apesar de ter gostado muito de “Cartas de Iwo Jima”, confesso que apreciei bem mais desse “A Conquista da Honra”, pois nesse último Eastwood se mostra muito mais criativo e ousado na direção, mostrando por que é um dos grandes cineastas ainda em atividade.

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