Um olhar mais apressado sobre “A Garota da Vitrine” talvez possa sugerir algo como uma espécie de derivado de “Encontros e Desencontros”, o cult film de Sofia Coppola. Mas reduzir o filme a isso seria uma injustiça, pois em certos pontos tal obra é superior ao exageradamente incensado filme da filha do nosso amigo Francis. Ao mostrar a história do envolvimento romântico da jovem Mirabelle Buttersfield (Claire Danes), uma vendedora de luvas e aspirante a artista plástica, com um ricaço mais velho (Steve Martin), o diretor Anand Tucker oferece um painel sóbrio e lúcido sobre a solidão e as relações humanas, mas não dispensa um toque de humor amargo para deixar as coisas ainda mais interessantes. Vale mencionar ainda que “A Garota da Vitrine” tem o seu roteiro escrito pelo próprio Steve Martin, baseado num livro de sua autoria, sendo que aqueles que esperam algo na linha cômica escrachada de boa parte das comédias que ele protagoniza irão ficar surpreendidos com o tom irônico mais contido do filme em questão. No mais, é de se destacar também a atuação serena e comovente de Claire Danes (recuperando-se com honras, por sinal, depois daquele fiasco chamado “Tudo em Família”) e a interpretação hilária de Jason Schwartzman como um desengonçado e pé-rapado admirador de Mirabelle.
Nenhum comentário:
Postar um comentário