É claro que o roteiro esquemático (parece uma versão requentada de “Hair”), o encadeamento meio truncado em alguns momentos entre a trama e os números musicais em si e algumas seqüências mais melosas fazem que “Across The Universe” seja um filme que esteja longe da perfeição. A verdade, entretanto, é que isso são apenas meros detalhes, pois o que interessa nessa produção é a tentativa de tradução da música dos Beatles em imagens. E nisso o filme é bem sucedido. O frescor juvenil e a beleza onírica de algumas seqüências estão em perfeita sintonia com o espírito das canções do quarteto de Liverpool, variando, inclusive, de acordo com a própria evolução artística do quarteto, indo daquelas singelas canções de amor do início de carreira do grupo e chegando até as ousadas experiências deles com psicodelia e arranjos mais complexos. Surpreende positivamente também em “Across The Universe” a criatividade no trabalho de elaboração de novos arranjos para os clássicos dos Beatles, além do fato do filme não se concentrar apenas nas músicas mais óbvias e conhecidas da banda. O resultado é uma obra que impressiona tanto os velhos fãs quanto os neófitos, e que faz com que várias cenas fiquem gravadas no inconsciente de cinéfilos e apreciadores de música em geral, principalmente na fantástica seqüência de abertura na praia ou nos números de viagem de lisérgica de “I’m The Walrus” e “Because”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário