Em "Profissão de Risco", o diretor Ted Demme parece nos dizer insistentemente que quer ser o novo Martin Scorsese. Bem, se ele conseguiria atingir tal objetivo é uma incógnita, afinal Demme faleceu em 2002, logo após ter finalizado "Profissão de Risco". Mas a julgar pelo filme em questão, é provável que dificilmente atingisse tal patamar. Até porque Scorsese já demonstrava genialidade no início de sua carreira, em filme como "Quem Bate a Minha Porta", "Sexy e Perigosa" e "Caminhos Perigosos", coisa que Demme nunca demonstrou em sua curta carreira cinematográfica. Mas não ser Scorsese não implica necessariamente em ser ruim, sendo que em "Profissão de Risco" podemos encontrar alguns momentos de bom cinema.
Demme formata "Profissão de Risco", tanto formal quanto tematicamente, tendo como modelo "Os Bons Companheiros", uma das grandes obras-primas de Scorsese, contando a história de ascensão, apogeu e queda do traficante George Jung (Johnny Depp). Guardadas às devidas proporções, a primeira metade de "Profissão de Risco" remete bastante aos filmes de gangsters de Scorsese, com um ritmo frenético (que parece aludir ao consumo de cocaína), caracterização bem trabalhada dos anos 60 e 70 e narração em off pautando a ação. São nesses momentos que o filme tem as suas melhores seqüências, com Demme sabendo conciliar com firmeza ironia e dramaticidade, além de contar com uma edição envolvente que se casa de forma eficiente com a trilha sonora recheada de ótimas canções emblemáticas da época. O diretor cria também um clima de dubiedade para a sua trama, em que a opulência e intensidade da vida do protagonista provocam um efeito de atração e repúdio para quem assiste.
Os problemas de "Profissão de Risco" começam aparecer, entretanto, no segundo ato do filme, que corresponde à decadência financeira e moral de Jung. O filme adquire uma narrativa muito mais arrastada e marcada por um forte tom moralista do tipo "você fez e agora você tem de pagar". Perde-se o sarcasmo do início, e fica apenas o rosário de desgraças para o nosso "herói". Demme parece esquecer alguns dos princípios do seu mestre, transformando a história de Jung em apenas mais uma parábola de como não devemos desobedecer a lei sob o risco de nos arrependermos. Uma das coisas fascinantes em "Os Bons Companheiros" era justamente o fato de que os personagens de Scorsese não pareciam demonstrar arrependimento dos seus atos, aceitando resignados o seu destino como uma das possíveis conseqüências para os seus crimes. O brilhante final resumia perfeitamente esse espírito: Henry Hill (Ray Liotta), já sob as asas do programa de proteção a testemunhas, olha o seu prato de macarrão com catchup e diz: "eu comia muito melhor antes". Aliás, um detalhe curioso em "Profissão de Risco" é o fato de Ray Liotta participar do filme como o pai de Jung, dando justamente a impressão desse último parecer uma versão júnior de seu marcante personagem em "Os Bons Companheiros".
Demme formata "Profissão de Risco", tanto formal quanto tematicamente, tendo como modelo "Os Bons Companheiros", uma das grandes obras-primas de Scorsese, contando a história de ascensão, apogeu e queda do traficante George Jung (Johnny Depp). Guardadas às devidas proporções, a primeira metade de "Profissão de Risco" remete bastante aos filmes de gangsters de Scorsese, com um ritmo frenético (que parece aludir ao consumo de cocaína), caracterização bem trabalhada dos anos 60 e 70 e narração em off pautando a ação. São nesses momentos que o filme tem as suas melhores seqüências, com Demme sabendo conciliar com firmeza ironia e dramaticidade, além de contar com uma edição envolvente que se casa de forma eficiente com a trilha sonora recheada de ótimas canções emblemáticas da época. O diretor cria também um clima de dubiedade para a sua trama, em que a opulência e intensidade da vida do protagonista provocam um efeito de atração e repúdio para quem assiste.
Os problemas de "Profissão de Risco" começam aparecer, entretanto, no segundo ato do filme, que corresponde à decadência financeira e moral de Jung. O filme adquire uma narrativa muito mais arrastada e marcada por um forte tom moralista do tipo "você fez e agora você tem de pagar". Perde-se o sarcasmo do início, e fica apenas o rosário de desgraças para o nosso "herói". Demme parece esquecer alguns dos princípios do seu mestre, transformando a história de Jung em apenas mais uma parábola de como não devemos desobedecer a lei sob o risco de nos arrependermos. Uma das coisas fascinantes em "Os Bons Companheiros" era justamente o fato de que os personagens de Scorsese não pareciam demonstrar arrependimento dos seus atos, aceitando resignados o seu destino como uma das possíveis conseqüências para os seus crimes. O brilhante final resumia perfeitamente esse espírito: Henry Hill (Ray Liotta), já sob as asas do programa de proteção a testemunhas, olha o seu prato de macarrão com catchup e diz: "eu comia muito melhor antes". Aliás, um detalhe curioso em "Profissão de Risco" é o fato de Ray Liotta participar do filme como o pai de Jung, dando justamente a impressão desse último parecer uma versão júnior de seu marcante personagem em "Os Bons Companheiros".
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