Apesar de gostar muito de “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1963), “Terra em Transe” (1967) e “O Santo Guerreira Contra o Dragão da Maldade” (1968), devo confessar que ainda não assisti “A Idade da Terra” (1980), o derradeiro filme de Glauber Rocha. É que boa do que li e ouvi falar sobre o filme é tão pouco animador que o mesmo por muito tempo não entrou como prioridade na minha lista de obras por assistir. Mas depois da sessão de exibição do documentário “Anabazys” (2007) essa minha percepção mudou bastante, sendo que agora “A Idade da Terra” se tornou uma produção a ser conferida brevemente por este que vos escreve.
“Anabazys”, basicamente, tem como tema a realização de “A Idade da Terra”, mas está muito longe de ser um simples “making of”. Sua narrativa é dividida em três momentos. No primeiro, assiste-se às dificuldades de Glauber para conseguir financiamento para a realização do filme. Na época, a situação era difícil para o genial cineasta baiano, que se encontrava brigado com boa parte do meio cultural brasileiro devido a declarações polêmicas sobre a ditadura militar, além de recém chegado do seu exílio. O segundo momento de “Anabzys” é focado nas filmagens. Nessa parte do documentário, é fascinante assistir ao método de filmar de Glauber em ação. Tudo parecer fluir de forma espontânea e delirante, com Glauber em plena ebulição criativa e exigindo de atores e demais membros da equipe uma entrega absoluta, ao mesmo tempo que expõe suas insólitas concepções estéticas e temáticas, misturando crítica social, misticismo e inusitadas referências culturais. O terço final do filme é igualmente desconcertante, ao retratar a forma, que oscilava entre a frieza e estranheza, com que “A Idade da Terra” foi recebida no Festival de Veneza e no Brasil. Pode-se até discordar das razões e teses de Glauber, mas o que impressiona mesmo é a sua defesa febril e quase messiânica da sua obra, com ele encarnando uma espécie de Antônio Conselheiro do cinema nacional.
O grande mérito de “Anabazys” não é o simples fato de comprovar ou não as qualidades artísticas do canto do cisne de Glauber. O que realmente impressiona nesse documentário é de mostrar sem artifícios ou concessões o difícil parto de uma obra que, longe de alcançar a unanimidade e muito mais importante do que isso, revelava a alma de uma das mais importantes figuras da cultura brasileira.
“Anabazys”, basicamente, tem como tema a realização de “A Idade da Terra”, mas está muito longe de ser um simples “making of”. Sua narrativa é dividida em três momentos. No primeiro, assiste-se às dificuldades de Glauber para conseguir financiamento para a realização do filme. Na época, a situação era difícil para o genial cineasta baiano, que se encontrava brigado com boa parte do meio cultural brasileiro devido a declarações polêmicas sobre a ditadura militar, além de recém chegado do seu exílio. O segundo momento de “Anabzys” é focado nas filmagens. Nessa parte do documentário, é fascinante assistir ao método de filmar de Glauber em ação. Tudo parecer fluir de forma espontânea e delirante, com Glauber em plena ebulição criativa e exigindo de atores e demais membros da equipe uma entrega absoluta, ao mesmo tempo que expõe suas insólitas concepções estéticas e temáticas, misturando crítica social, misticismo e inusitadas referências culturais. O terço final do filme é igualmente desconcertante, ao retratar a forma, que oscilava entre a frieza e estranheza, com que “A Idade da Terra” foi recebida no Festival de Veneza e no Brasil. Pode-se até discordar das razões e teses de Glauber, mas o que impressiona mesmo é a sua defesa febril e quase messiânica da sua obra, com ele encarnando uma espécie de Antônio Conselheiro do cinema nacional.
O grande mérito de “Anabazys” não é o simples fato de comprovar ou não as qualidades artísticas do canto do cisne de Glauber. O que realmente impressiona nesse documentário é de mostrar sem artifícios ou concessões o difícil parto de uma obra que, longe de alcançar a unanimidade e muito mais importante do que isso, revelava a alma de uma das mais importantes figuras da cultura brasileira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário