Clint Eastwood, parceiro e admirador confesso do grande cineasta Don Siegel, deve ter resolvido homenagear o mesmo em “Gran Torino” (2008). Afinal, a trama dessa sua produção mais recente tem muitos pontos em comum com o roteiro de “O Último Pistoleiro” (1976), um dos filmes mais admiráveis de Siegel. Ambos tem protagonistas durões e de passados com experiências violentas e nebulosas que se descobrem com uma doença fatal e resolvem estabelecer as suas próprias regras e rituais de como morrerão. Além disso, os mesmos acabam tendo jovens carentes da figura paterna como espécie de seguidores/aprendizes. “Gran Torino”, entretanto, não é uma mera reciclagem do filme mais antigo, tendo seus méritos próprios. Eastwood dirige da sua tradicional maneira segura e clássica. O personagem Walt Kowalski é uma síntese de outros papéis marcantes de Eastwood, sendo que as melhores seqüências são justamente aquelas em que o protagonista range os dentes e enfrenta os seus desafetos. Mesmo com todas as suas rugas e outros entraves da sua avançada idade, são nesses momentos que a tremenda carga mitológica e carismática de Clint irrompe de forma impressionante.
“Grand Torino” só não atinge o mesmo patamar de excelência de “O Último Pistoleiro” porque algumas caracterizações simplórias e caricatas, principalmente quando entra em cena a família de Kowalski, enfraquecem um pouco a densidade da sua narrativa. Mesmo assim, é uma obra de respeito dentro da expressiva cinematografia de Eastwood.
“Grand Torino” só não atinge o mesmo patamar de excelência de “O Último Pistoleiro” porque algumas caracterizações simplórias e caricatas, principalmente quando entra em cena a família de Kowalski, enfraquecem um pouco a densidade da sua narrativa. Mesmo assim, é uma obra de respeito dentro da expressiva cinematografia de Eastwood.
Nenhum comentário:
Postar um comentário