domingo, junho 07, 2009

Simplesmente Feliz, de Mike Leigh ***1/2


Em obras anteriores como "Segredos e Mentira" (1996), "Agora ou Nunca" (2002) ou "Simplesmente Feliz" (2004), o cineasta britânico Mike Leigh mostra uma visão sem enfeites sobre as relações humanas, optando pelo gênero de dramas sérios e de temática forte, utilizando um estilo de filmar objetivo e focado nas intensas interpretações de seus atores. Aparentemente, "Simplesmente Feliz" parece fugir dessa linha narrativa típica de Leigh pelo tom leve e cômico de algumas seqüências. No decorrer da trama, entretanto, o diretor parece contaminar a trajetória da otimista e bem humorada protagonista Poppy (Sally Hawkins) com uma série de pequenos episódios que revelam uma amarga visão de mundo. De certa forma, esse contraste entre a índole de Poppy e a indiferença do mundo que a cerca é que traz o real elemento de comédia de "Simplesmente Feliz", mas num tom cômico que tende muito mais para a ironia perversa. Além disso, a própria caracterização "alto astral" de Poppy se inclina para esse tipo de humor no sentido em que a mesma desafia não só a paciência de outros personagens, mas também dos próprios espectadores. É justamente nessas ambigüidades que Leigh demonstra a sua bruta coerência autoral.

Nenhum comentário: