quinta-feira, setembro 21, 2017

Feito na América, de Doug Liman ***

Pelo menos em termos da concepção e realização de seus filmes, dá para dizer que o diretor Doug Liman é um grande admirador da obra de Martin Scorsese. “Swingers” (1996), um de seus primeiros longas e talvez o seu melhor trabalho como cineasta, fazia uma explícita homenagem à “Os bons companheiros” (1990), uma das mais expressivas obras-primas de Scorsese, na sequência em que um grupo de amigos atravessava as portas de serviços de um restaurante para demonstrar o seu poder de influência. Em “Feito na América” (2017), recente produção dirigida por Liman, essa aproximação com a aludida influência se mostra novamente evidente. Roteiro e estrutura narrativa remetem diretamente a filmes como “Os bons companheiros” e “O lobo de Wall Street” (2013) – tramas baseadas em histórias reais mostrando as conturbadas trajetórias pessoais de protagonistas que atingiram grandes picos de riqueza econômica ao transitarem em um tênue limite entre a livre-iniciativa e a franca bandidagem, em abordagens que trazem em seu subtexto uma visão crítica e irônica sobre a relação intrínseca entre capitalismo e ilicitudes. No caso da obra de Liman, a biografia do piloto de avião Barry Seal (Tom Cruise), misto de agente da CIA e traficante de drogas, também traz à tona segredos obscuros da política internacional dos Estados Unidos na era Reagan. Liman não tem o mesmo nível artístico de Scorsese, que transformou seus citados filmes em vertiginosas viagens sensoriais sobre a ambição humana e degradação ética – Liman é mais tradicionalista e previsível na condução de sua narrativa. Ainda assim, “Feito na América” tem momentos memoráveis, principalmente nas sequências de ação e na boa caracterização de Cruise no papel principal. Aliás, em termos de ação cinematográfica, não há como não fazer uma outra associação com Scorsese na obra em questão nas divertidas cenas em que Seal aterrissa seu avião no meio de uma cidadezinha do interior, evocando uma cena parecida em “O aviador” (2004).

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Esse filme tem dividido muito as opiniões e ultimamente não tenho gostado muito do trabalho de Ton Cruise. Mas quem sabe eu venha arriscar em assistir.