quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Foi Apenas Um Sonho, de Sam Mendes ***


Esse é um daqueles velhos casos que já comentei aos montes nesse blog: é um filme baseado em livro que não li, mas que se percebe que a obra literária em questão deve realmente ser muito boa, mas o resultado fílmico não é tanto... Digo isso porque ao se analisar a trama de “Foi Apenas Um Sonho” se pode perceber que as idéias que estão ali dentro estão certas e bem delineadas. O problema do filme é o tratamento cinematográfico convencional e demasiadamente preso a fórmulas (a mania de se aproximar a câmera dos personagens a cada momento que eles dizem algo de relevante chega a ser irritante...). O cineasta Sam Mendes estruturou a produção num formato de tragédia grega. E isso fica evidente, por exemplo, no personagem Jon (Michael Shannon), que faz a função daqueles coros que nas tragédias comentavam e até mesmo faziam o juízo do que estava sendo mostrado em cena. O problema é que o que era para ser uma possibilidade para maiores vôos criativos acaba se tornando uma verdadeira camisa-de-força, tornando a narrativa um modelo didaticamente aborrecido das mazelas de uma mulher sufocada pelo moralismo e mediocridade da sociedade norte-americana nos anos 50. Mendes enfoca todos os dramas dos personagens nos diálogos, não dando espaço para o subtexto que as imagens poderiam oferecer, carregando também de forma exagerada no dramatismo.

É claro, entretanto, que “Foi Apenas Um Sonho” está muito distante de não ser considerado um bom filme. Fotografia e direção de arte contribuem para fazer uma bela reconstituição visual dos anos 50, lembrando muito, nesse sentido, o sensacional “Longe do Paraíso” (2002), de Todd Haynes. Além disso, as atuações de Leonardo Di Caprio, Kate Winslet e Michael Shannon impressionam em determinadas seqüências pelas suas detalhistas nuances dramáticas. O maior problema do filme, na verdade, é que se fica com a constante impressão de que o mesmo poderia ser bem melhor. Até porque Sam Mendes vinha de uma obra absolutamente brilhante, o contundente “Soldado Anônimo” (2005).

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