A concepção de “Até o Fim – E Além” (1988) até exala uma aparente simplicidade – consiste basicamente em uma entrevista do diretor alemão Werner Herzog comentando algumas de suas principais obras, entrecortado por trechos dos mesmos. O próprio fato de exibir alguns dos melhores momentos da cinematografia de Herzog já transformaria tal documentário em uma produção de peso, mas as coisas transcendem ainda mais pelo conteúdo das declarações do cineasta germânico. Ele expõe com veemência as suas visões pessoais e filosóficas sobre o cinema e o mundo que o cerca, explicando como tais visões se relacionam com a sua filmografia. Em suas observações, Herzog traz algo entre o delirante e a lucidez, conflito esse que sempre se manifestou em filmes como “Aguirre – A Cólera dos Deuses” (1972) e “Fitzcarraldo” (1982). Gostando ou não de sua obra, é inegável que a mesma reflete com fidelidade as intenções formais e temáticas de Herzog. Isso pode ser constatado na medida em que as declarações do artista revelam um grande domínio dele em relação ao que desejava e ao que realizou em seus filmes. E talvez esse seja o grande mérito de “Até o Fim – E Além”, na medida em que joga uma luz sobre as produções do artista e lhe dá uma perspectiva que as tornam ainda mais fascinantes.
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