quarta-feira, setembro 14, 2016

Agnus Dei, de Anne Fontaine **1/2

Uma obra que tem como temática freiras polonesas estupradas durante a 2ª Guerra Mundial já tem um potencial claro para ser explosiva. Talvez se fosse realizada nas décadas de 60 e 70 poderia receber um tratamento tipicamente exploitation. No caso de “Agnus Dei” (2015), entretanto, a abordagem é mais solene e sutil. A diretora Anne Fontaine prefere enfatizar mais as consequências psicológicas e morais do que investir no grafismo explícito das religiosas sendo violentadas. Nesse sentido, a atmosfera do filme é mais de uma certa sobriedade emocional e de uma incômoda tensão. O subtexto do roteiro questiona os fundamentos de uma sociedade machista e patriarcal que força as vítimas a terem de se comportar como se fossem culpadas pelas brutalidades que sofreram. Ainda que tenha esse caráter de contestação, em termos formais a produção prima por um tom asséptico na narrativa e em sua concepção visual, o que reduz consideravelmente a sua força. E mesmo dentro de seu perfil de crítica social e cultural a obra de Fontaine acaba caindo na superficialidade, pois há um certo maniqueísmo na caracterização de algumas situações e personagens, principalmente na figura da madre superiora, deixando-se de se apresentar uma visão mais contundente sobre os absurdos dogmas religiosos que impedem as freiras de se tornarem mais proativas em suas atitudes.

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