segunda-feira, novembro 27, 2017

O melhor professor da minha vida, de Olivier Ayache-Vidal ***

Que o pessoal responsável por fazer as versões de títulos de filmes estrangeiros para português no Brasil tem alguns critérios questionáveis já é mais do que sabido. Mas no caso de “O melhor professor da minha vida” (2017) eles realmente se puxaram. O título escolhido tanto pode atrair ou repelir possíveis espectadores e nos dois casos pela ideia equivocada que dá da abordagem dessa produção francesa dirigida por Olivier Ayache-Vidal, além de estar distante do tom mais sutil e poético do original “grandes mentes”. Em síntese, o longa em questão não se filia aquela linhagem de obras edificantes que mostram professores superando todas as dificuldades em uma sala de aula e dando lições de vidas para os alunos e, por consequência, para a plateia. O filme de Ayache-Vidal está mais vinculado em termos estéticos-temáticos à escola realista da obra-prima “Entre os muros da escola” (2008). O roteiro não apresenta soluções mágicas dentro da trama em que o arrogante professor François Foucault (Denis Podalydès), proveniente de uma escola elitista de Paris, se vê obrigado a dar aulas em um colégio da rede pública da capital. A visão artística e existencial da obra sobre a relação ensino e meio social é marcada pela lucidez amarga, ainda que permita de maneira coerente vislumbrar saídas a partir de uma perspectiva humanista de educação. A concepção formal para contar essa história é simples e tradicional, não tendo o mesmo grau de inventividade e dinâmica estéticas da aludida obra de Laurent Cantet, mas não se rende a truques baratos e consegue se mostrar como uma moldura contundente para as intenções de Ayache-Vidal, com destaque para uma encenação de notável fluidez e para as atuações vigorosas do elenco.

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