quinta-feira, novembro 09, 2017

Terra selvagem, de Taylor Sheridan ***

Na ainda pequena amostragem que já se teve das obras do diretor e roteirista Taylor Sheridan nas salas de cinemas, dá para dizer que ele segue uma certa linhagem autoral. Em “Sicário” (2015) e “A qualquer custo” (2016), produções que contaram com roteiros de sua autoria, pode-se perceber uma expressiva síntese entre os preceitos do cinema de ação e abordagem e atmosfera mais reflexivas, além de tramas que trazem em seus respectivos subtextos uma sutil visão crítica sobre os descaminhos morais e sociais da sociedade norte-americana contemporânea. Num contexto ainda mais amplo, são filmes que revelam ainda uma releitura contemporânea dos gêneros policial e faroeste. Em “Terra selvagem” (2017), longa-metragem de estreia de Sheridan como diretor, tais características das mencionadas obras anteriores voltam a se manifestar, sem, contudo, apresentar um foco artístico tão preciso. Há uma narrativa envolvente, a memorável fotografia que valoriza a forte beleza plástica das amplas paisagens geladas que servem de cenário para a trama, sequências de ação muito bem dirigidas (o brutal tiroteio final é particularmente antológico), encenação que por vezes cria momentos de sufocante tensão psicológica e uma adequada trilha sonora climática composta e executada por Nick Cave e Warren Ellis (ainda que dê a impressão de ser um tanto derivativa de outros temas mais consistentes que eles fizeram para filmes anteriores). O que incomoda em “Terra selvagem” é um excesso de cenas marcadas por um forçado teor contemplativo e solene e um roteiro que força a barra em diálogos filosóficos de almanaque, o que faz com que a narrativa não seja tão equilibrada quanto as de “Sicário” e “A qualquer custo”.

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