Filmes de referência ou ruptura dentro da história do cinema mundial são algo do qual seguidamente ouvimos falar, tanto por parte da crítica ou de público. O fato, entretanto, é que se fossemos analisar com cuidado quais seriam as obras que se encaixam em tal definição veríamos que na verdade são poucas. Acredito que "Os Guarda-Chuvas do Amor" de Jacques Demy é um dos raros filmes que podem ser colocados nesse seleto grupo, tendo em vista que é uma das mais radicais experiências de utilização da linguagem cinematográfica.
O que Demy fez basicamente foi perverter os cânones dos musicais e levá-los às ultimas conseqüências. Não bastaria simplesmente reservar seqüências em que os atores do nada saem cantando e dançando. Em "Os Guarda-Chuvas do Amor" todos os diálogos são cantados, como se o mundo fosse uma perpétua ópera. O efeito de tal opção estilística de Demy é fascinante. A progressão e a intensidade da belíssima música composta por Michel Legrand estão em perfeita sintonia com a própria evolução da trama. Essa estética de irrealidade do cineasta fica ainda mais acentuada pela opção de utilização de figurinos e direção de arte em tons monocromáticos, com claras influências de pintura e quadrinhos.
O roteiro de "Os Guarda-Chuvas do Amor" é outro de seus aspectos diferenciais. Enquanto em musicais, digamos, "normais" as tramas geralmente são mais simples ou meramente alegóricas, servindo apenas como pretexto para a dança e a cantoria, no filme de Demy há uma história que impressiona pelo tom realista e lúcido ao retratar as relações humanas, mostrando como o caso de amor entre Genevieve (Catherine Deneuve) e Guy (Nino Castenuolvo) acaba tendo um fim melancólico após o rapaz ser obrigado a prestar o serviço militar na Argélia. É fantástica a forma com que a crueza e amargura de tal trama entra em contraste com a concepção formal tremendamente estetizada de Demy.
A estranha junção de melodrama e musical proposta por Demy vai ao encontro com as idéias cinematográficas de outro diretor francês extremamente ativo na época (anos 60), o inquietante Jean-Luc Godard, que em filmes como "Viver a Vida" e "Uma Mulher é Uma Mulher" abusava de efeitos visuais e sonoros para aumentar ainda mais o impacto de suas cenas, buscando um cinema cada vez mais independente como linguagem própria. É justamente essa busca incessante de uma concepção original de cinema que faz de "Os Guarda-Chuvas do Amor" uma obra única no cinema, e que talvez tenha só tenha encontrado similares em alguns filmes de Ken Russel, principalmente na sensacional ópera-rock "Tommy".
O que Demy fez basicamente foi perverter os cânones dos musicais e levá-los às ultimas conseqüências. Não bastaria simplesmente reservar seqüências em que os atores do nada saem cantando e dançando. Em "Os Guarda-Chuvas do Amor" todos os diálogos são cantados, como se o mundo fosse uma perpétua ópera. O efeito de tal opção estilística de Demy é fascinante. A progressão e a intensidade da belíssima música composta por Michel Legrand estão em perfeita sintonia com a própria evolução da trama. Essa estética de irrealidade do cineasta fica ainda mais acentuada pela opção de utilização de figurinos e direção de arte em tons monocromáticos, com claras influências de pintura e quadrinhos.
O roteiro de "Os Guarda-Chuvas do Amor" é outro de seus aspectos diferenciais. Enquanto em musicais, digamos, "normais" as tramas geralmente são mais simples ou meramente alegóricas, servindo apenas como pretexto para a dança e a cantoria, no filme de Demy há uma história que impressiona pelo tom realista e lúcido ao retratar as relações humanas, mostrando como o caso de amor entre Genevieve (Catherine Deneuve) e Guy (Nino Castenuolvo) acaba tendo um fim melancólico após o rapaz ser obrigado a prestar o serviço militar na Argélia. É fantástica a forma com que a crueza e amargura de tal trama entra em contraste com a concepção formal tremendamente estetizada de Demy.
A estranha junção de melodrama e musical proposta por Demy vai ao encontro com as idéias cinematográficas de outro diretor francês extremamente ativo na época (anos 60), o inquietante Jean-Luc Godard, que em filmes como "Viver a Vida" e "Uma Mulher é Uma Mulher" abusava de efeitos visuais e sonoros para aumentar ainda mais o impacto de suas cenas, buscando um cinema cada vez mais independente como linguagem própria. É justamente essa busca incessante de uma concepção original de cinema que faz de "Os Guarda-Chuvas do Amor" uma obra única no cinema, e que talvez tenha só tenha encontrado similares em alguns filmes de Ken Russel, principalmente na sensacional ópera-rock "Tommy".
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