quarta-feira, fevereiro 01, 2017

A última lição, de Pascale Pouzadoux *1/2

Abordar uma temática tão espinhosa quanto o suicídio assistido já credenciaria um certo interesse para “A última lição” (2015), cuja trama traz como mote principal o desejo de uma mulher de 92 anos, cansada das atribulações da velhice, de se matar tendo o consentimento de sua família. Uma história que é inquietante não só pelo ato radical da protagonista, mas também por confrontar valores e preconceitos morais fortemente arraigados da sociedade pequeno-burguesa ocidental. Ocorre, entretanto, que a obra da diretora Pascale Pouzadoux apenas tangencia esse caráter mais questionador, preferindo se vincular a uma estrutura narrativa de melodrama exagerado, beirando várias vezes o novelesco. Nesse sentido, a sequência em que a cambaleante personagem principal faz um parto no pátio do hospital em que está internada é um primor de apelação sentimental. No mais, o filme padece de um formalismo obtuso e de uma ausência de sobriedade emocional, o que retira muito da força da narrativa, resultado numa obra frustrante e que desperdiça talentos como o expressivo talento dramático de Sandrine Bonnaire.

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