terça-feira, março 28, 2017

Irmã, de Zach Clark **1/2

Para os acostumados com os melodramas padrão Hollywood sobre famílias disfuncionais, “Irmã” (2016) pode até causar alguma surpresa por algumas aparentes “esquisitices” formais e temáticas – personagens com algumas bizarrices em suas caracterizações, formalismo com um certo tom de crueza, roteiro que sugere uma visão mais libertária e menos moralista em suas soluções, a ótima trilha sonora baseada em solos de baterias desgovernados e memoráveis canções no estilo “metal punk gótico”. Além disso, a trama traz um interessante recorte histórico, pois se desenrola pouco antes da primeira eleição de Barack Obama para presidente dos Estados Unidos, o que evidencia a expectativa e a esperança de tempos melhores depois de uma gestão republicana marcada por guerras e perseguições políticas. No final das contas, entretanto, tais aspectos diferenciais não conseguem interagir de forma plenamente satisfatória, resultando em uma narrativa oscilante e por vezes despersonalizada na sua constante reciclagem de clichês típicos do cinema independente norte-americano. É claro que por vezes em algumas passagens o filme até consegue divertir e mesmo gerar algum encanto, principalmente na sequência da festa de halloween particular da família da protagonista Colleen (Addison Timlin), mas falta uma direção mais segura e ousada por parte do diretor Zach Clark no sentido de explorar com mais criatividade alguns fatores promissores da trama. Nesse sentido, é só lembrar do extraordinário “O casamento de Rachel” (2008), que a partir de temática e estética semelhantes à “Irmã” tinha um resultado final bem mais impactante.

Nenhum comentário: