quarta-feira, março 15, 2017

Kong: A Ilha da Caveira, de Jordan Vogt-Roberts ***

Ao contrário das produções de 1976 e 2005, “Kong: A ilha da caveira” (2017) não é uma refilmagem da obra clássica de 1933. O filme dirigido por Jordan Vogt-Robert pega alguns conceitos e elementos já trabalhados nas obras anteriores e as recria sob uma perspectiva diferente e mesmo uma nova trama. Assim, o espírito de cinema B, ou mesmo de cultura “pulp”, está mais presente, não havendo a dimensão trágica dada anteriormente ao protagonista. E a escolha de situar a trama na primeira metade da década de 70 não é gratuita, pois o subtexto do roteiro faz uma analogia clara entre o caráter belicoso de um pelotão do exército norte-americano perdido na Ilha da Caveira e com a missão de exterminar Kong e a postura intervencionista dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã e em outros conflitos pelo mundo que grassaram nas últimas décadas. Tal paralelo político é feito até de maneira eficiente, e surpreende que uma produção de um grande estúdio norte-americano faça com que o público torça descaradamente pelo macacão contra as forças armadas do Tio Sam. Como aventura, o filme não tem aquele fascinante clima de pesadelo da versão original dos anos 30 e nem aquele senso alucinado de encenação da obra dirigida por Peter Jackson. Ainda assim, é uma divertida aventura, com boas cenas de ação e ótima caracterização imagética dos monstros, além da direção de arte trazer uma síntese expressiva de estilização exagerada e recriação de época de razoável fidelidade histórica. Nesse sentido, é interessante a forma com que as canções roqueiras da época se inserem da narrativa – aliás, a sequência em que os helicópteros entram pela primeira vez na Ilha da Caveira ao som de uns rocks da pesada faz lembrar algumas cenas memoráveis de “Apocalypse Now” (1979).

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