terça-feira, abril 24, 2018

Ex-machina: Instinto artificial, de Alex Garland ***


“2001: Uma odisseia no espaço” (1968) foi um marco para ficção-científica no cinema porque tirou definitivamente o gênero daquele universo puramente aventuresco e escapista e lhe deu uma abordagem artística de maior densidade dramática e até de forte profundidade psicológica. Em maior ou menor grau, a partir da obra-prima de Stanley Kubrick foram várias as obras que surgiram inspiradas nesse caráter mais sério e destinado a refletir sobre a humanidade perante o inexorável avanço tecnológico. “Ex-machina: Instinto artificial” (2014) é um claro exemplar dessa tendência. O longa dirigido por Alex Garland, nome bastante vinculado à ficção científica ao atuar como roteirista em outros trabalhos no gênero (“Sunshine – Alerta solar”, “Não me abandone jamais”, “Dredd”), apresenta uma trama que expõe com alguma sutileza os dilemas e contradições da relação entre humanos e autômatos dotados de inteligência artificial. É uma obra de narrativa sóbria, de certa criatividade na concepção de suas trucagens e com algumas sequências memoráveis em termos de tensão dramática, mas está bem distante da contundência estética e mesmo filosófica de outras produções que versaram sobre essa mesma temática, como “Blade Runner – O caçador de androides” (1982), “Inteligência artificial” (2001) e “Ela” (2013). O trabalho de Garland peca por um certo excesso na assepsia imagética e por convencionalismos na encenação em determinadas passagens da narrativa. Ainda assim, “Ex-machina” é um produto acima da média dentro do que vem sendo feito no gênero e reforça que Garland é um nome a se guardar quando se trata dessa escola cinematográfica.

Nenhum comentário: