quarta-feira, abril 11, 2018

Um lugar silencioso, de John Krasinski ***


Na trama de “Um lugar silencioso” (2018), há alguns motes que são recorrentes no cinema fantástico contemporâneo: uma ambientação pós-apocalíptica, monstros sanguinários estilo “Alien”, a reverência ao conceito da unidade familiar como bem maior a ser defendido. O diretor e ator John Krasinski se permite a alguns truques narrativos típicos da filmografia de M. Night Shyamalan. Ainda que em tal formatação se tenha essa impressão de uma colcha-de-retalhos de influências e referências, é verdade também que algumas escolhas formais e temáticas de Krasinski apresentam uma interessante síntese de inquietações artísticas e capacidade de envolver as plateias em termos de tensão dramática e empatia com os personagens. O fato de que na trama exista a necessidade de um silêncio constante por parte da família protagonista para não atrair a atenção de tenebrosas criaturas cegas, famintas e praticamente invencíveis em sua força e voracidade faz com que a narrativa seja quase que puramente visual, prescindindo na maior parte do roteiro de diálogos. A encenação concebida por Krasinski tem uma precisão e clareza admiráveis, e aliada a fotografia de talhe clássico, a edição de ritmo fluido e aos efeitos especiais de caracterização imagética que fogem do derivativo, acabam configurando uma narrativa bem equilibrada entre a sobriedade psicológica, o suspense perturbador e violência gráfica assustadora.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Assisti hoje. Recomendo