quarta-feira, junho 13, 2018

Criaturas 2, de Mick Garris ***1/2


Quando foi lançado nos cinemas, “Criaturas 2” (1988) foi encarado por grande parte do público e a crítica como mais um derivado da franquia “Gremlins”. O próprio diretor Mick Garris, em depoimento dado em sessão comentada do filme em questão no XIV FANTASPOA, admitiu que foi chamado em virtude de sua ligação artística com Steven Spielberg, um dos principais produtores de “Gremlins”. Com o passar dos anos, entretanto, essa impressão de mera cópia foi se atenuando até chegar um ponto em que hoje em dia “Criaturas 2” ganhou uma categorização de pérola obscura do cinema fantástico oitentista. Garris não tinha a pretensão de fazer uma grande obra-prima do horror ou ficção científica. Apenas se valeu de maneira eficiente das principais referências estéticas e temáticas do cinema B norte-americano da época – o uso das trucagens visuais é preciso e tem um encanto imagético perene, as atuações do elenco variam de maneira divertida entre o caricatural e o simpático, o roteiro aparentemente bobo e escapista esconde um subtexto de crítica sutil ao american way of life, o grafismo violento e exagerado remente ao cartunesco, a encenação é variada e de admirável desenvoltura tanto no quesito aventura quanto nas sequências mais baseadas em diálogos (distante, aliás, das narrativas frenéticas atordoantes dos blockbusters contemporâneos). Ou seja, no cômputo geral, “Criaturas 2” é um passatempo nostálgico, beirando o anacrônico, mas que ainda assim revela alguns agradáveis pontos criativos.

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