terça-feira, julho 31, 2018

O terceiro assassinato, de Hirokazu Kore-eda **1/2


A maioria dos filmes dirigido pelo diretor japonês Kirokazu Kore-eda é formada por sóbrios melodramas familiares. “O terceiro assassinato” (2017) representa, em um primeiro momento, uma insólita mudança de gênero cinematográfico para o cineasta, enveredando para a área do suspense policial. A trama gira em torno das misteriosas motivações de um brutal assassinato de um homem por parte de um ex-empregado seu. Ocorre, entretanto, que no desenvolver da narrativa se pode perceber que Kore-eda procura se distanciar dos clichês temáticos e estéticos inerentes a esse tipo de produção, procurando adequar a trama dentro de seus habituais preceitos artísticos. Assim, o foco é mais acentuado nos dilemas intimistas dos personagens (investigadores, suspeito, familiares da vítima) e também em se realizar uma espécie de crítico panorama moral da sociedade japonesa contemporânea. As ambições do diretor são interessantes nessa formatação, mas a verdade é que o resultado final acaba deixando a desejar. O motivo principal para essa frustração está justamente naquilo que sempre foi o forte nas obras dirigidas por Kore-eda – a encenação. O que geralmente era preciso e minucioso em outros filmes do cineasta, agora parece descompassado e enfadonho em “O terceiro assassinado”, fazendo com que até mesmo o próprio roteiro do longa se mostre por vezes banal e perdido em excessos sentimentais.

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