Dizer que Woody Allen é repetitivo em seus filmes é impreciso. Como cineasta de forte tom autoral, é natural que certos recursos temáticos e estéticos sejam recorrentes em sua obra. Suas produções são reflexos de suas obsessões, e, por conseqüência, ideias narrativas e visões pessoais são retrabalhadas de forma constante em sua filmografia. “Tudo Pode Dar Certo” (2009), filme recente de Allen, tem ótimos momentos cômicos e flui com consistência, mas é decepcionante não pela questão da repetição, mas por soar preguiçoso. Allen parece reciclar várias soluções já utilizadas anteriormente, mas sem a mesma eficácia e impacto, dando uma certa impressão de falta do que dizer. Seu texto, mesmo que afiado em alguns trechos, chegar a soar quase ingênuo ao querer expressar explicitamente a sua filosofia pessoal. Nesse sentido, isso é frustrante quando se pensa em obras anteriores extraordinárias como “Match Point” (2005) e “O Sonho de Cassandra” (2007), que traziam uma série de observações críticas e ácidas de Allen sobre os vícios e hipocrisias da sociedade, mas em um formato sutil de subtexto inserido em tramas clássicas de suspense.
2 comentários:
Allen intercala bons filmes (match point, vicky cristina barcelona) com medianos (scoop e esse tudo pode dar certo). Gostaria que ele desse um novo tempo nas comédias e fizesse um drama forte.
Cultura na veia:
http://culturaexmachina.blogspot.com
Acho que no final das contas, essa coisas do gêneros drama e comédia meio que se confundem dentro dos próprios filmes do Allen. O que começa como um drama, no final se revela cheio de toques cômicos, enquanto as comédias trazem uma série de questões existenciais. Tanto que aquele filme dele, "Melinda e Melinda", brinca justamente com essas distinções.
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