O que mais ouço/leio sobre “Os Descendentes” (2011) é que se trata de um filme “adulto”. Nessa linha, argumenta-se ainda que isso seria um tremendo mérito frente ao caráter infanto-juvenil que marca a maioria das produções norte-americana. Não gosto muito dessas generalizações e simplificações, mas é fato que a obra mais recente do diretor Alexander Payne apresenta uma visão sóbria sobre questões importantes na vida humana (pelo menos a ocidental): dificuldades nos relacionamentos pessoais, o impacto de uma morte no núcleo familiar, fidelidade conjugal, discussões sobre dinheiro entre parentes. Por mais maduro que o filme possa ser em termos temáticos, também é fato, entretanto, que “Os Descendentes” pouco ousa no seu lado formal. É sempre aquele ritmo narrativo sem sobressaltos de um drama de leves toques cômicos que parece ter como matriz alguns filmes setentistas de Hal Ashby (ainda que muito distante da classe estética deste último). Não há nenhuma cena que realmente empolgue em termos visuais (ao contrário, por exemplo, do “infanto-juvenil” “As Aventuras de Timtim – O Segredo do Licorne”, repleto de seqüências memoráveis). Ou seja: pode render alguns momentos agradáveis em frente à tela ou alguma discussão acalorada em algum debate coordenado por um psicanalista, mas dificilmente colará na memória dos cinéfilos. No mais, a impressão que se tem é de uma certa preguiça criativa de Payne, afinal a trama de “Os Descendentes” remonta bastante ao roteiro de “As Confissões de Schmidt” (2002), uma das obras mais estimadas do mencionado cineasta, mas com a diferença fundamental que George Clooney não consegue oferecer a mesma densa composição dramática que Jack Nicholson expressava ao natural no papel de Warren Schmidt.
Nenhum comentário:
Postar um comentário