Apesar de sua trama se passar em uma aldeia no Irã, e contar no elenco com atores de tal nacionalidade, “A Fonte das Mulheres” (2011) é uma co-produção internacional dirigida pelo romeno Radu Mihaileanu. Este detalhe da nacionalidade pode parecer meramente aleatório, mas na verdade faz muita diferença no resultado final. Isso porque a filmografia iraniana contemporânea, em sua essência, é marcada por uma narrativa de traços neo-realistas, tanto na sua temática (questões voltadas para a repressão religiosa ou problemas sociais) quanto pela sua estética (fotografia de tons documentais, uso de atores amadores, narrativa marcada por um distanciamento emocional). Em “A Fonte das Mulheres”, a abordagem se afasta de tais preceitos típicos do cinema iraniano e se vincula a uma corrente ocidental. Por mais que a trama do filme seja pertinente a questões religiosas e sociais que são marcantes para o Irã, a sua encenação se vincula ao gênero melodramático tradicional, além de alguns toques insólitos de musical (em várias sequências, o canto de personagens funciona como uma espécie de comentário irônico ou dramático). Se tal concepção de Mihaileanu possui um certo caráter diluidor, é inegável também que acaba dando à “A Fonte das Mulheres” um alcance mais universal de impacto para as platéias.
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